sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Cultura: Artistas e instituições recebem homenagens da Presidenta Dilma e Ministros.

Dilma: “A cultura é elemento estratégico para a construção de um país”

A presidenta Dilma Rousseff e ministros homenagearam artistas e instituições que contribuem para a cultura brasileira com a Ordem do Mérito Cultural. Vinte e seis pessoas e instituições foram agraciadas, nesta quarta-feira (5), com a medalha.


Marta Suplicy, Michel Temer, Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante e Henrique Paim durante a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural 2014. (Foto de Janine Moraes)Marta Suplicy, Michel Temer, Dilma Rousseff, Aloizio Mercadante e Henrique Paim durante a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural 2014. (Foto de Janine Moraes)


A cerimônia aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). Além da presidenta Dilma, o evento contou com a presença da ministra da Cultura, Marta Suplicy, do vice-presidente Michel Temer, do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e demais autoridades, para a entrega das medalhas. 


Segundo Dilma, o prêmio, entregue no Dia Nacional da Cultura, reconhece artistas brasileiros que representam o que o país tem de melhor e que o distinguirá, no presente e no futuro, de outras nações. “Esta cerimônia nos permite valorizar e reconhecer algo que é uma das nossas riquezas, essa extrema diversidade cultural que constitui, talvez, um patrimônio tão importante quanto nossa capacidade de construir, criar e produzir cultura nesse país”, afirmou.

A presidenta ressaltou que a diversidade cultural brasileira mistura propostas, sabores e manifestações “que compõem o mosaico de nossa nacionalidade e nossa cultura”. “Mulheres e homens de talento, que expressam aquilo que talvez o ser humano tenha de mais caro, que é ser capaz de criar, de expressar o que sente, transmitir símbolos, de contar histórias, fazer narrativas.”

A edição deste ano da OMC homenageia o centenário de nascimento de duas personalidades artísticas que ajudaram a construir e enriquecer a identidade cultural brasileira: a pintora Djanira da Motta e Silva e a arquiteta modernista Lina Bo Bardi.

Investimentos de R$ 1,2 bilhão

Durante a cerimônia, a presidenta fez um breve balanço sobre programas estratégicos do governo federal na área da cultura. Na campo do audiovisual, o programa Brasil de Todas as Telas, que apoia e financia produções brasileiras para cinema e TV, está destinando R$ 1,2 bilhão para fomentar o setor. O investimento será voltado ao desenvolvimento de projetos e roteiros, além do incentivo à produção e difusão de conteúdos brasileiros, valorizando a diversidade e a riqueza da cultura regional.

A presidenta apontou também o investimento que está sendo feito na memória cultural do país por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas.“O PAC das Cidades Históricas é uma das iniciativas que eu considero fundamentais. Nós temos de ter memória, e a nossa memória está na recuperação e na preservação do Patrimônio Histórico Nacional. É R$ 1,6 bilhão em investimentos até 2015”, afirmou a presidenta.

Premiados

O maestro Júlio Medaglia, o roteirista e diretor Orlando Senna e os familiares do falecido pintor Jenner Augusto receberam o título Grã-Cruz, o mais alto grau de premiação, seguido por Comendador e Cavaleiro, respectivamente.

Na classe Comendador, foram agraciados Bernardo Paz (idealizador do Centro de Arte Contemporânea Inhotim), Henricredo Coelho (mais conhecido como Palhaço Gafanhoto), Luiz Angelo da Silva (Ogan Luiz Bangbala), a cantora Marisa Monte, a atriz Patrícia Pillar e o falecido chef Paulo de Araújo Leal Martins. 

Na classe Cavaleiro, os premiados foram o chef Alex Atala, o ator e diretor Celso Frateschi, a escritora Eliane Potiguara, o autor e ator Chico de Assis, o antropólogo Hermano Vianna, o sertanista José Meirelles, a falecida cantora Vange Leonel, o ator Matheus Nachtergaele, o estilista Oskar Metsavaht, o rapper Mano Brown, o mestre da cultura popular Tião Oleiro e a dupla sertaneja Bruno e Marrone.

Alguns artistas que já tinham recebido a homenagem ganharam novo título. A escritora Adélia Prado e o jornalista Washington Novaes foram promovidos para a Classe Grã-Cruz e o cantor Pinduca e a coreógrafa Angel Vianna para a classe Comendador.

Quatro entidades também foram agraciadas, mas sem grau de classe. São elas: Escola de Gente (ONG de inclusão social), o grupo de dança Ciranda de Tarituba, a Fundação Sara Kali (com atividades de inclusão do povo cigano) e o Grupo Cena 11 Cia. de Dança. 

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Cultura com Marilena Chaui

"Conformismo e resistência": Marilena Chaui analisa a cultura popular

“Se um dia a democracia for possível neste país, ela nascerá dos movimentos sociais e populares, do contrapoder social e político que transforma a plebe em cidadã e os cidadãos em sujeitos que declaram suas diferenças e manifestam seus conflitos”. Esta frase da filósofa Marilena Chaui é usada por Homero Santiago, organizador do quarto volume da coleção Escritos de Marilena Chaui, para apresentar o livro Conformismo e resistência.


Marilena Chaui é uma das grandes pensadoras do Brasil, professora de História da Filosofia de Filosofia Política na USP.Marilena Chaui é uma das grandes pensadoras do Brasil, professora de História da Filosofia de Filosofia Política na USP.
Esta edição é dividida em quatro partes e traz um caso paradigmático do rico diálogo travado pela obra da filósofa com as ciências sociais brasileiras a partir de uma questão fundamental: O que é a cultura popular e qual forma específica ela assume em nosso país?

O livro soma diversos ensaios, depoimentos, conferências e artigos de jornal produzidos nas décadas de 1970 e 1980 pela pensadora. O ponto mais alto dessa incursão é o texto “Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular”.

Trata-se de uma investigação aprofundada que Marilena faz para apreender a originalidade da cultura popular como uma lógica ou um saber particular que, ao mesmo tempo em que adere ao estado atual e reproduz o autoritarismo das elites, também é capaz de opor-se ao sistema e expressa o desejo de liberdade próprio das classes populares.

Segundo define Santiago, “crucial é a opção teórica e política de Marilena Chauí, exprimida quer sob forma emotiva quer rigorosamente justificada, como nos textos deste volume. Contra a concepção de que o poder deve ser mantido à distância da plebe, leia-se gentinha ignorante, instável, interesseira, que menospreza a ética, pensa com o bolso, vota com o estômago e chega ao cúmulo hoje de frequentar aeroportos portando seus hábitos de rodoviária. A favor daqueles que, nem heróis, nem coitados, detêm um saber, uma lógica, uma cultura ambíguos, entre conformismo e resistência, e que por isso mesmo fornecem a base de qualquer projeto futuro de democracia radical, isto é, verdadeira”.



Informações:
Título: Conformismo e resistência
Autora: Marilena Chaui
Organizador: Homero Santiago
Coleção: Escritos de Marilena Chaui
Editoras: Autêntica e Fundação Perseu Abramo

Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho