Najla Passos
Brasília – Os professores das instituições federais de
ensino superior, em greve desde 17 de maio, protestaram contra a suspensão da
rodada de negociação prevista para esta segunda-feira (28). A manifestação foi
realizada em frente ao Ministério do Planejamento (MPOG), em Brasília, e contou
com o apoio de estudantes, também em greve. De acordo com a Polícia Militar,
cerca de 200 pessoas participaram do ato. Os organizadores estimaram o número
em 250.
A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Marina Barbosa, disse, durante seu
discurso, que considerou a suspensão da reunião autoritária e irresponsável. Na
pauta, estava em discussão um dos principais pontos de reivindicação dos
docentes: a reestruturação da carreira. Em comunicado ao sindicato, na
sexta-feira (25), o secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público do
MPGOC, Sérgio Mendonça, disse apenas que a reunião seria suspensa e, em breve,
uma nova data será marcada.
Conforme o Andes-SN, docentes de 49 instituições aderiram à
greve, que já constitui o mais forte movimento realizado pela categoria nos
últimos anos. Além da reestruturação na carreira, eles reivindicam melhores
condições de trabalho. “Agora, temos que aumentar o nível de adesão dentro
dessas instituições e construir a greve nas demais”, afirmou a presidente.
Diretor da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores nas
Universidades Federais (Fasubra), Rogério Marzola informou que os
técnicos-administrativos já aprovaram a adesão ao movimento a partir de 11/6.
Representando a Central Sindical e Popular (Conlutas), o
professor da Universidade de Brasília (UnB) Rodrigo Dantas acrescentou que o
objetivo é conseguir a adesão de todo o serviço público. “A greve vai se
fortalecer ainda mais quando conseguirmos costurar a greve geral dos servidores
públicos federais”, disse. Segundo ele, no dia 5 de junho as categorias de
servidores públicos realizarão uma plenária unificada, em Brasília, para
discutir o tema.
Apoio estudantil
A greve dos professores das universidades conta com
crescente apoio dos estudantes. Segundo o representante da Associação Nacional
dos Estudantes Livres (Anel) Lucas Brito, a categoria já decretou greve em 14
instituições. E há assembleias programadas, esta semana, em várias outras, como
as federais do Rio de Janeiro e do Pará. “A pauta representa as reivindicações
do conjunto da comunidade universitária”, justifica.
Brito avalia que o que está em construção é um grande
movimento nacional por um novo modelo de educação. “Nosso recado para o governo
Dilma é claro: não vamos aceitar este modelo que precariza a educação superior
deste país”, afirmou.
Dentre os estudantes que já decretaram greve estão os da
UnB. Um dos líderes é o estudante de geografia Mário Alves. Segundo ele, a
participação da categoria têm surpreendido. “A assembleia que aprovou a
paralisação, na quinta passada, reuniu cerca de 600 estudantes. É a maior já
realizada na universidade deste a ocupação da reitoria, em 2008”, registra.
Conforme ele, além de apoiar a pauta dos docentes, os
estudantes reivindicam assistência estudantil de qualidade, paridade nas
eleições para todos os cargos da universidade e aplicação imediata de 10% do
Produto Interno Bruto (PIB) na educação.
Um outro líder o movimento na UnB, o estudante de sociologia
Samuel Nogueira Costa, criticou especialmente o programa de expansão
universitária (Reuni), lançado pelo governo Lula e mantido pela presidenta
Dilma Rousseff. “O Reuni aumentou o número de vagas na rede, mas sem dar a estrutura
devida aos alunos. Até outro dia, os alunos da UnB do campus Gama tinham aulas
em um estádio e os alunos do campus Planaltina estão se formando sem nunca
terem tido acesso a laboratórios”, disse ele.
Fotos: Arquivo
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