Política é um assunto
controverso e polêmico em qualquer situação. Um campo cheio de convicções,
ideologias e paixões só podem levar a discussões ardorosas. No entanto, apesar
de esses debates intensos permanecerem são cada vez mais levados por interesses
do que por ideais. Nós não sentimos mais uma verdadeira disputa de sonhos e
ideologias no meio político. Tudo nos parece cada vez mais distante e falso.
Talvez por isso, nós mesmos não consigamos ter opiniões formadas sobre tantos
assuntos. Porque, ou não sentimos que nos tocam, ou não acreditamos que nossas
opiniões valham de alguma coisa.
Vou me ater na
discussão sobre a obrigatoriedade do voto em nosso país: em uma democracia nada é mais aclamado
que a liberdade. Então, como uma das
ferramentas mais importantes dessa forma de governo o voto livre e consciente se
dá ao luxo de ser uma obrigação e não um direito.
A obrigatoriedade
facilita para que coronéis da política comprem
seus votos nos currais eleitorais do país a troco de botijões de gás ou mesmo
de um sabonete ou toalha, em nome da simplicidade do povo. Por outro lado, por
vivermos em um país onde faz falta a educação e o esclarecimento político, o
voto facultativo acabaria levando às urnas, principalmente, aqueles cujos votos
já estão atrelados ao candidato comprador, enquanto muitos esclarecidos
deixariam de votar por comodidade ou descrença. De qualquer forma, então, a
votação não refletiria a real opção do país.
Fica cada vez mais
claro que o problema não está apenas nos nossos políticos, tal como afirma os
eleitores, mais sim neles próprios que não conseguem fazer um bom uso dessa
ferramenta tão importante postas em suas mãos, o voto, que é um brinde a
democracia; que foi tão ardoroso para nosso povo conseguir chegar a esse tal de
“Estado Democrático de Direito”.
Mas será que
conseguiríamos convencer a população a se expressar, a levar adiante sua
vontade através do voto, quando vemos que quase ninguém é capaz de satisfazer a
fome do país por correção e princípios? Será que os eleitores se animariam a
sair de suas casas e entregarem seu voto sem esperança de que isso fosse surtir
algum efeito positivo em nossa realidade?
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