Por Rosário Paulino-Educadora
Vivemos
uma inversão de valores altamente conflitam-te. Queremos o “jeitinho
brasileiro” em tudo e a qualquer custo, e achamos que isso é honesto, normal.
Analisando um dos aspectos mais importante para transformação da pessoa e da
sociedade, a escola vê a busca pelo jeitinho: 5,5, mas professora só por causa
de meio ponto, a senhora não pode dar seis? Embora o sistema impondo um
arredondamento, que matematicamente não se explica, de 5,6 para 6.
Se é
em uma prova colar não tem problema, desde que se obtenha a promoção para o próximo
ano. Facilitar a aprovação de um aluno (a) porque está com muito tempo na mesma
série ou para ter uma boa porcentagem de aprovação, ou pior ainda, para não
entrar em conflito com os pais, alunos, gestão, o que é que tem? Mesmo se tendo
consciência que com essa “ajudinha” esse estudante vai ter muita dificuldade em
passar em um bom vestibular ou obter uma nota plausível no Enem, Saepe, Prova
Brasil, concurso, etc. ou até mesmo ser promovido na próxima série. Há, mas não
tem problema temos outros jeitinhos, fazer cursinho preparatório, reforço, ou
quem sabe a famosa cola.
Ouvimos
comentários e resultados de que a escola não anda bem, que a qualidade da
educação não é boa, será mesmo que é culpa apenas dos que trabalham na escola
ou uma grande massa que costuma buscar, querer e dar um jeitinho em tudo?
Se é
na igreja (seja qual for a fé que se professa), porque não abrir uma exceção,
facilitar um pouco, ser maleável? E aí estamos nós, em uma sociedade egoísta e
egocêntrica onde as leis divinas devem ser mais maleáveis pelo simples fato de
que estamos no século XXI e não dar pra agir como no passado com: respeito,
obediência, disciplina, temor...temos que ser modernos! Dizem os que se acham
astutos.
E
assim, vemos as pessoas uma pisando na outra pelo simples fato de não querer
ficar pra trás, só para tirar vantagem, de não ir muito com a cara, ou outros
interesses um tanto mesquinho. Pessoas sendo promovidas, ou em cargos pelo
simples fato de agradar mais, ser mais “puxa saco”.
E aí
começamos a ir mais além e lembrarmos de alguns casos que chocou toda a sociedade:
o atirador da Escola de Realengo no Rio de Janeiro; casos de pais que matam
filhos, como na cidade de Águas Belas; o caso mais recente de um jovem de 18
anos que mata mãe e dois filhos em Buíque por ter sido ameaçado de ser entregue
a polícia devido o furto de um botijão de gás, casos que nos faz refletir sobre
nossas pequenas atitudes egoístas que levam nossas crianças, altamente
informatizadas, a cada dia acharem que tudo podem, tudo é permitido, e tantos
outros que poderiam aqui serem citados.
Então
vamos para a camada que tem o poder de decisão: o político e aí também não tem
boas notícias: o escândalo do mensalão; político condenado que volta para
assumir mandato; farras com o dinheiro público enquanto tantas pessoas passam
fome, não tem uma boa educação, saúde, lazer, que são direitos garantidos pela
constituição, pelo simples fato de ter no “poder” pessoas que buscam o seu próprio
interesse e não o bem comum, que costumam dar um “jeitinho brasileiro” para
poder garantir suas regalias. Líderes que utilizam do seu cargo público para
penalizar, perseguir e apenas lucrar em benefício próprio ou dos seus
familiares.
Nas
cidades pequenas isso é mais gritante, embora a maioria por ignorância, medo ou
quem sabe falta de personalidade, apoiem, concordem e achem que deve ser assim
mesmo, usar a máquina pública para o seu interesse e enriquecimento ilícito.
Ainda questionamos: como podemos ficar vislumbrando tanta corrupção, onde poucos
têm muitos e muitos não tem nada?
Fico
eu aqui pensando: como pode pessoas que ocupam cargo decisivo para a melhoria
de tantas pessoas carentes, dormir, ou mesmo andar na rua, ver essa realidade e
não sentir nada? Não se sentir culpado, ou pelo menos cúmplice, colaborador?
Quando
criança realmente tem algumas atitudes que não achamos que sejam erradas, até
sermos descobertos e os ensinamentos dos nossos pais, ou da nossa igreja falar
mais alto, e nos mostrar que das atitudes pequenas podem surgir as grandes e
por isso mudamos de atitude. Quem nunca pegou um chocolate no mercado, atitude
inocente não é? Não, é roubo igual a qualquer outro a diferença está, no mínimo,
no preço, mas estou pegando aquilo que não é meu e se não é meu é roubado.
Quando
crescemos podemos continuar com atitudes de criança, embora não mais inocente,
ou sermos honesto, e rigoroso conosco mesmo. Então por esse conceito tudo
aquilo que pego (de grande valor ou pequeno valor), mas, que não me pertence e
eu não tenho autorização para assim fazê-lo estou roubando, sou ladrão,
desonesto.
Nessa
altura do texto, você deve estar achando que isso é muito radical, mas se
realmente fossemos mais radicais com os nossos valores morais, éticos, não
teríamos corruptos e pessoas aproveitadoras e assim não teríamos uma maioria
pobre que sofre pela “sabedoria dos espertos”, (esse é o argumento dos que se
aproveitam dos outros e querem sempre tirar vantagem). Não teríamos tantas
pessoas achando que pode pegar aquilo que é público, porque é público, e assim
não tem dono. Falso, o que é público é de todos, ou seja, tem muitos donos e
todos merecem usufruir do mesmo. TODOS, e não aquele que ocupa o cargo ou é o
líder.
Sendo
assim, precisamos olhar um pouco para nós e avaliarmos se de forma pequena ou
grande, isso não importa, também não estamos contribuindo para essa distorção
de valores. E para começarmos um bom caminho para é nos colocar no lugar do
outro, não para facilitar a sua vida, mas para garantir o seu direito, o seu
ser igual a mim e a qualquer um, o colaborar para que o outro busque o seu crescimento
pessoal, profissional e financeiro pelos seus próprios méritos e não pelo
“jeitinho brasileiro” que leva a facilitar para uns e dificultar para outros, é
perceber se o que estou fazendo com o outro era o que eu também queria receber.
Reflitamos
um pouco, afinal de contas, nunca é tarde para mudarmos. Se todos começarmos a
ver as coisas dos dois lados: o seu e o do outro, talvez cheguem a uma
sociedade mais justa. Utopia? Não acredito, pois se cada um fizer a sua parte
com certeza a realidade será transformada. Se pensarmos que o outro deve mudar,
ou que a maioria é assim mesmo não adianta fazer nada, então são nessa
realidade egoísta e assustadora que continuaremos a viver e a criar os nossos
filhos, sobrinhos, netos. No entanto, se cada um começar a
mudar.....................aí sim teremos uma nova sociedade capaz de buscar
somente o que é seu e lutar pelo direito de todos. Pensemos um pouco!
Educadora: Rosário
Paulino
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