terça-feira, 14 de dezembro de 2021

IGREJA DE PEDRA DE SANTA TEREZINHA, NO ALTO DO SÍTIO ANASTÁCIO, EM TUPANATINGA



UM CENTRO DE VISITAÇÃO E PEREGRINAÇÃO

 

Em visita a comunidade rural, no mês de Outubro , segunda feira(04), a equipe da Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte conheceu a igreja de Pedra, construída no alto de uma serra, localizada no Sitio Anastácio, de propriedade particular do Senhor Miguel.

Um património cultural, construído a base de muita força braçal, coragem e fé . Iniciado há mais de 6 anos. Trabalho sem apoio público ou qualquer ação voluntária. Mesmo não concluída, a capela de Santa Terezinha, em Tupanatinga, vem chamando atenção de todos os moradores e transeuntes que circulam na região, contribuindo para o aumento de visitantes, tanto da localidade como de outras cidades vizinhas, conforme informou Luciano, o filho de Seu Miguel, um dos construtores da obra.

A Capela tem uma vista privilegiada que compensa todo esforço físico para chegar no pico e contemplar toda a dimensão que a natureza nos proporciona. Um contato do alto em meio a serrotes e montes, uma visibilidade que encanta e acalma nossa alma.

A Capela, conhecida já como a Igreja das Pedras, por ser construída braçalmente em cima de um Lajedo de pedras, sem recursos , sem meios e ferramentas adequadas para auxiliar na locomoção do material como cimento, tijolo , areia etc, justificando a devoção do construtor e proprietário para com a Santa a qual lhe curou de grandes enfermidades, salvando sua vida, devolvendo-lhe saúde e paz.

Por Edimilson

fotos ; António Nunes













 

 

sábado, 5 de setembro de 2020

“A COMUNIDADE DE PADRE ROLANDO NÃO É FAVELA!”


                        


É muito comum encontrar crianças e jovens nas ruas do Bairro perambulando ou brincando em meio aos carros e motos que por ali transitam. O álcool e a droga estão presentes naquela realidade, além de alguns comportamentos violentos, som alto, botecos que não respeitam a lei que proíbe a venda de álcool a menores (fato muito comum em Tupanatinga como um todo), assim relatados por alguns moradores que falaram com a equipe do JPT. Para completar o quadro crítico da situação da comunidade, o número de jovens em idade escolar em descompasso com a série, na qual deveriam estar matriculados, é grande, além dos jovens que se evadem das instituições educacionais, sejam elas municipais, ou estadual.

                                        

O Bairro da Camila se encontra com uma infraestrutura de saneamento defasada. São ruas sem calçamento, esgoto a céu aberto, a água que não chega com regularidade. É bem verdade que o antigo matadouro foi derrubado, pois não tinha condições de funcionamento, tanto do ponto de vista da higiene, quanto do ponto de vista da segurança do trabalho (fato constatado através de denúncias, às quais citavam e provavam a presença de crianças no ambiente externo e interno do antigo matadouro), embora o chão tenha ficado “limpo” da presença do matadouro, o local ficou abandonado, sem que nenhuma outra finalidade social lhe fosse dado! Muito do sangue dos animais abatidos naquele lugar foram jogados na rua de terra, a céu aberto, sem saneamento, sem tratamento adequado, afetando a vida de dezenas de pessoas quanto a saúde. Essa Comunidade chamada “Padre Rolando” tem sofrido ao longo dos anos um processo de abandono e de descaso do Poder Público, o qual não pode simplesmente se “contentar” com pequenas obras, sem de fato ter como prioridade a Qualidade de Vida de cada habitante dessa Comunidade. Isso implica dizer, de forma contundente e comprometedora, que mais do que nunca as Políticas Públicas são essenciais e urgentes para que essas vidas sejam transformadas de fato e de direito. A realidade da Comunidade Padre Rolando não pode se restringir a ações de caráter superficial, porque a fome, o desemprego, os vícios que flagelam diuturnamente a vida de crianças, jovens, adultos, homens, mulheres e idosos não será minimizada com tão pobres ações dos gestores da cidade. Em tempos eleitorais, a comunidade é “vista” apenas como mercadoria, onde o voto custa de dez a quinze reais por “cabeça”!

Não é a Comunidade de Padre Rolando que é “uma favela”, mas, na visão e na mente de quem não se importa de fato com aquelas vidas que necessitam de ações concretas e reais para a superação das mazelas sociais. Salve a Comunidade de Padre Rolando!        

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

"Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera!

 

Lembro-me bem. Foi quando julho se foi, que um vento mais gelado, mais destemperado, que arrastava ainda folhas deixadas pelo outono, me disse algumas verdades. Convenceu-me de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se vão.

Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa. E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando como elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo. Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.

O mês de agosto tem muito a ensinar. Porque agosto é mês jardineiro, é dentro dele, berço do inverno, que as sementes dormem. Aguardam seu tempo de brotar. Agosto é guardador da boa-nova, preparador de flores. Agosto é quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações.

Mude, diz agosto, em seu recado de sementes. Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu. Compartilhe, diz agosto. Agasalhos, sopas quentinhas, cafés com chocolate, abraços mais apertados – eles também aquecem a alma e aninham o corpo. Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento, é tempo de preparar setembro. E, de setembro, todos sabemos o que esperar. Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.

Vamos apreciar agosto, recebê-lo com o espanto feliz de quem não desafia ventos. Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.

Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.

Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera!"

 

Miryan Lucy de Rezende

Escritora e Educadora Infantil

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Quinta Feira Eu Conto

 Uma vez, uma menina           por Janiklessya Oliveira


É uma vez uma menina, que como todas as meninas, era cheia de sonhos e imaginação. 
-Ah,  essa menina! Ela sempre 'lutou'  para mostrar que a fé  funciona e que o tal teimar em sonhar é  que fundamenta não só a fé, mas a vida. 
- Essa menina um dia cresceu, e no decorrer dos dias aprendeu que era mais forte do que imaginava. Pois sua força não estava no seu braço, talento, intelecto,  capacidade ou qualquer outra coisa que o mundo julgue ser motivo de sucesso. Sua força vinha de um Deus que faz milagres,  e ELE quem a fazia ter um sorriso largo, levando - a a contemplar o futuro... Essa menina, agora crescida, não queria ser mais e nem menos que ninguém, só queria ser e fazer tudo quanto Deus planejara, e isso não era segredo pra ninguém! Embora houvesse quem relutara. Ela seguia firme em suas convicções, certa que a voz do povo é somente a voz do povo, e que a voz de Deus é a voz de Deus: plena, poderosa, penetrante, arrebatadora e coerente!


_Janiklessya Oliveira, 

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Escrever




Janiklessya Oliveira
                                                                                                         
Escrever
Escrever é deixar a alma fluir
É esbravejar
É dilacerar o coração
É transforma-dor
Ah,escrever
Por isso escrevo
Escrevo o que sinto
Escrevo o que vejo
Escrevo quando amo
Amo quando escrevo
Amo escrevendo tudo aquilo que desejo
Escrevo o que leio
Escrevo o que canto
Escrevo o que grita
Escrevo também encantos
Em cada canto
Vou me deixando no que escrevo
Me vês?

terça-feira, 23 de junho de 2020

ENCONTRO COM A POESIA

                                               Vida


Por Janiklessya Oliveira,

Poesia divina de alegres cantos
Das dores vencidas
De sabores e Encantos
Da sabedoria à liberdade
És a sinfonia do Amor
Amor que se deu
Amor que me deu: PLENITUDE


aniklessya Oliveira,

A CRÔNICA CONTINUA....


 

TEIMOSIA



                 
Francisco Galindo

        O que é que faz um teimoso? Essa é uma explicação que nos fazendo falta abre passagem para teorias diversas. O peste do teimoso e a peste da teimosia são bem possivelmente responsáveis pela derrocada do paraíso. Adão convencido de que devia comer nada e ninguém e Eva obstinada a provar uma maçã que havia de ser nada e acabou dando no que deu.
            Na semana que passou, e estamos falando de  junho deste estragado ano de pandemia, a Nature, prestigiada revista científica inglesa, publicou resultado de um estudo de pesquisadores da University College London esclarecendo que a famigerada  teimosia é fabricada em processos neurais.  O sujeito uma vez formulando seu ponto de vista, dele convencido, encalacra numa solução química e aí dispersa até o que os neurologistas chamam de viés de confirmação, que seria uma chance de contraprova, a chance de mudar e melhorar a opinião.  Quem diria que a velha teimosia fosse mapeada num scanner de magnetoencefalografia?
Não está desautorizado o influxo da ideologia e dos afetos em nossas certezas dominantes. Mas fica cientificamente provocada a ideia de que ideologias e afetos entram antes. E que há uma volatilidade relativa das opiniões até que seu cotejamento se esgote, que a gente suspenda a absorção de novas abordagens e adote uma escolha. Em determinado ponto de confiança, o cérebro resolve fechar convicção e aí aciona um cimento químico que em boa medida sentencia: até aqui eu achei assim, aqui eu fico com o que acho.
Os neurocientistas esclarecem que esse processo individual favorece a teimosia em conjunto. A ideia de sobrevivência e aproximação de pessoas que pensam semelhantemente. Isso possivelmente explique o congregar nas igrejas, a sedução pelo mesmo time de futebol, o gosto pelo igual agrupamento político e seus determinados gurus,  que se não necessariamente teimosos, muitas vezes o são e provocam avarias. Teimosia sugere impermeabilização, uma recusa ao novo, uma resistência ao diferente. Assim, as teimosias costumam ser arriscadas, podem por exemplo arregimentar conjuntos terroristas, gabinetes de ódio, coletivos rígidos.
Sustenta-se que a infância é tempo fértil da teimosia. Uma birra associada a autoafirmação que pede lá os cuidados suficientes para restaurar os eixos. Problema é quando avança para o transtorno de oposição desafiante e perturba o adulto em suas relações. Com a ciência agora oferecendo luz sobre implicações neurológicas, a gente ganha algum instrumento para compreender porque tantas vezes a teimosia é pesadamente absurda. Como é que o sujeito finca o pé no convencimento de que a terra é plana, contra as evidências dos registros arredondados da nossa casa azul? Por que contra todas as arras há quem negue o aquecimento do planeta, ainda que derretam geleiras, que a seca estrague no sul, que os ciclones assustem lugares onde jamais passaram?
De alguma forma, o estudo ajuda a explicar os teimosos da política, os fanáticos de algumas religiões, os torcedores mais exaltados e ajuda a entender o rapazinho que escreveu na traseira do caminhão: “não carrego rapariga, nem polícia”. O guarda o parou e deixou bem claro que aquilo era desacato. Que tirasse a frase, sob pena de numa próxima passagem ser multado. O rapazinho passou  segunda vez com a frase do mesmo jeito. O guarda irritado:
- Não te avisei, safado? Pague noventa reais pelo desaforo.
O rapazinho passou terceira vez tal qual. E o guarda:                                                        
- Ah, infeliz! Pague cento e oitenta pelo atrevimento.
Aí o rapazinho passou quarta vez com um recado na traseira:
- Apaguei, mas não carrego...
                                                                                                                                
         FRANCISCO GALINDO

segunda-feira, 22 de junho de 2020

A CRONICA DA SEGUNDA FEIRA

O Tempo



  Janiklessya Oliveira

A madrugada se aproxima.
O relógio anuncia o compasso do tempo.
Na cidade, silenciosa, ouço o tic-tac do relógio e o som das batidas do meu coração.
É chegado o tempo de adormecer.
De repousar.
O tempo fora, difere do tempo de dentro, que já sinalizava há tempo, o tempo de descansar.
Logo, a cabeça reclino ao travesseiro, dirijo algumas palavras ao Eterno.
E repouso, segura, na fé de um novo amanhã por Ele preparado, e que breve, muito breve, vai chegar. 


terça-feira, 16 de junho de 2020

SÓ A LUTA AMADA EVITA A DITADURA


                                                      
                                                                                    Fernando Gabeira

Meu texto sobre a urgência de uma resposta coletiva aos avanços autoritários de Bolsonaro alcançou muita gente de minha geração.

Felizes com a ideia, todos se preparam, sabendo que o bastão há muito foi passado para as novas gerações. Não importa a importância do papel, o que importa é estar presente.

Da minha parte, a situação é clara. No passado, deixei o país. Hoje, sinto que o país é que está me deixando, dissolvendo-se numa bruma viscosa, tornando-se irreconhecível.

Por isso, quando um grupo gaúcho sugeriu a ideia de uma luta amada, disse imediatamente que para mim caía como uma luva.

Durante muitos anos, ao lado de outros, construímos uma legislação ambiental para proteger nossos recursos naturais. Relatei, por exemplo, o projeto do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, conhecido como Snuc. Parece um nome de cachorrinho, Snuc, mas encerra uma realidade de florestas, montanhas, rios e manguezais que visito com frequência.

Quando vejo que estão querendo desmontar a legislação, aproveitando-se do nosso foco na pandemia, quando ouço que querem fazer uma boiada passar sobre a tenra grama de nossa rede de proteção, sinto claramente que estão nos levando o Brasil.

Ao saber que Bolsonaro decapitou a direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, apenas para atender ao dono da Havan, sinto um calafrio. É um homem que vendia produtos chineses e tem uma cadeia de lojas com uma cafona Estátua da Liberdade na porta.

O Iphan foi dirigido por intelectuais como Rodrigo Melo Franco, Aloísio Magalhães, e Bolsonaro escolheu agora a esposa de um dos seus seguranças, para tomar conta de 1.300 bens materiais e 25 mil sítios arqueológicos. Foi barrado pela Justiça Federal.

Bolsonaro acha que nosso patrimônio se confunde com o que ele chama de cocô de índio cristalizado.

Das estátuas do Aleijadinho às pinturas rupestres da Serra da Capivara, é desse rico conjunto que extraímos o sentido de identidade nacional e também postos de trabalho para muita gente. Passam com uma boiada sobre os bens naturais e com um bando de javalis sobre nossos bens culturais.

Pena que os militares tenham embarcado nessa canoa. São potenciais interlocutores. Conhecem bem o Brasil. O escorregadão geográfico do general Pazuello foi apenas um acidente isolado.

Não sei se os militares estão usando Bolsonaro como um bode na sala, para depois se apresentarem como moderadores no pântano que ele criou. Ou se simplesmente se deliciam com o acúmulo de soldos e salários como os militares da Venezuela.

Em ambos os casos, estarão perdidos para sua tarefa maior, a defesa nacional. Não importa quantos aparatos de guerra possam comprar, se não têm mais o respeito do povo brasileiro.

De que adianta entrar para o Ministério da Saúde e empilhar cadáveres com a naturalidade com que pintam as árvores de branco?

Nossas populações indígenas estão sendo dizimadas pela Covid-19, nossa juventude negra massacrada pela opressão policial, nossas favelas organizam-se como podem para substituir um governo ausente na pandemia, ausente em todos os tempos.

Só não saímos às ruas porque o vírus tem sido implacável com os mais velhos. Por mais que Bolsonaro arme seus aliados e os filhos lutem para trazer do exterior novos brinquedos de morte, é preciso viver um pouco.

Na verdade, é preciso cautela nas ruas, pois todos precisam estar vivos. Cada um de nós que resiste é um pedaço do Brasil que pede socorro à humanidade, ao que resta de humano na humanidade.

Nem todos sabem como este país é grande, diverso, solidário, magnífico em sua beleza. Impedir que se dissolva nas mãos de vendedores de bugigangas, grileiros, racistas, incendiários é a grande tarefa de construir uma civilização tropical onde querem apenas pasto, fuzis, asfalto, carros e eletrodomésticos.

Como não suprimir o “r” das lutas passadas e chamar isto de uma luta amada? Como não compreender que todas as gerações pretéritas nos lembram de que o Brasil existe para todo o sempre, e que reinventá-lo depende de nós?

Artigo publicado no jornal O Globo em 15/06/2020