sexta-feira, 25 de abril de 2008

Poesia de Edezilton Martins

Por Edezilton Martins
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Epifania


De repente a largata se transforma em borboleta
De repente é noite, de repente é dia
De repente.

De repente a menina se torna mulher
De repente tudo morre e renasce diferente e maior.

Em um momento somos o todo, noutro somos individual
De individual a experiência de ser uno com o todo de repente.

O momento do gozo sexual é muito pequeno.
Eternidade é consciência.

De repente o presente já é passado
A vida passa de repente.

De repente a paixão
A paixão acontece de repente e a toda hora
A mulher amada vai embora de repente.

De repente Deuses, de repente homens.
De repente.
De repente a morte.
.
De repente atingimos a aternidade.


Edezilton Martins, 04/06/2005.




O tempo passa inexorável.
Nascer é comprido; viver é mágico.

Possivelmente, a consciência seja a última realidade.

Os físicos quânticos sabem que matéria é vibração, energia e luz. E sugerem que a matéria tem origem ou sustentação na consciência.
Não se trata da consciência que temos das coisas, dos sentimentos, do outro, etc. Trata-se de algo supra-humano, mas que faz parte do homem, e que ao mesmo tempo une homem e Deus numa unidade. Deus como esta consciência supra-humana.

"Tudo é um" Heráclito. "Tudo é um ou nada tem sentido" Edezilton Martins.

Se a consciência é a última realidade, ela contém a eternidade.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

19 de abril dia do Indio

Um dia conviveremos naturalmente com a cultura do índio,visitaremos sua aldeia como se fosse nossa casa. Já usamos sua cultura como a caça, a pesca e a rede.
Para começarmos nossa homenagem ao dia do Índio, nada mal lembrarmos a música de Jorge Bem, refletindo sobre a falta de uma atenção maior ao Índio brasileiro. Em seguida recitamos uma poesia do nosso poeta Samuel Freitas, sintetizando a preocupação do índio com a fauna e a flora brasileira:

Todo dia era dia de Índio

Composição: Jorge Ben

Curumim,chama
Coatá
Que eu vou contar
Curumim,chama
Coatá Que eu vou contar

Todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio

Curumim,Coatá Coatá,
Curumim

Antes que o homem aqui chegasse
As Terras Brasileiras
Eram habitadas e amadas
Por mais de 3 milhões de índios
Proprietários felizes
Da Terra Brasilis

Pois todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio
Mas agora eles só têm
O dia 19 de Abril
Mas agora eles só têm
O dia 19 de Abril

Amantes da natureza
Eles são incapazes
Com certeza
De maltratarem uma fêmea
Ou de poluirem o rio e o mar

Preservando o equilíbrio ecológico
Da terra,fauna e flora
Pois em sua glória,o índio
É o exemplo puro e perfeito
Próximo da harmonia
Da fraternidade e da alegria
Da alegria de viver!
Da alegria de viver!

E no entanto,hoje
O seu canto triste
É o lamento de uma raça que já foi muito feliz
Pois antigamente

Todo dia era dia de índio
Todo dia era dia de índio
Curumim,Coatá
Coatá,Curumim
Terêrê,oh yeah!
Tecerei,oh!


Descendente de Índio
Samuel Freitas

Eu sou descendente de índio
E nasci por aqui
Eu sou mais um guerreiro
Sou Brasileiro
Descendente de Tupi

Tupã é meu pai
Cresci junto com a natureza
Cresci junto com a flora
E com os animais

Eu queria saber,
Humanos que convivem aqui,
O que pensa você?
A respeito dessa terra
Se você faz guerra
Pra matar e morrer

Preserve nossa floresta
E os povos que moram lá
Se você não quer morrer
Pra quê você quer matar



Nesta semana comemora-se o dia do índio, o qual foi criado em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, devido à data em que os índios resolveram aderir ao congresso que ocorreu no México em 1940, para discutir o índio americano.

Estima-se que em 1500 havia, aqui no Brasil, 5.000.000 de índios felizes (“Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade” Oswald de Andrade). Esta população reduziu-se a 1.000.000 de índios em 1800. Hoje a população indígena brasileira, que vem crescendo devido à política social de proteção feita pelos governos, após ditadura militar, gira em torno de 600.000.

Ouve-se falar muito, em tom de crítica, do extermínio do índio brasileiro, da barbárie do colonizador, da imposição de outras culturas ao modo de viver indígena; a catequização é um exemplo.

Reflitamos sobre o extermínio indígena:

Estudos mais completos sobre o índio é feita por diversos estudiosos; pontualmente por Gilberto Freire e Darci Ribeiro. A leitura feita por estes estudiosos, sem negar a barbárie, é que o índio faz parte da formação do povo brasileiro.
Os portugueses ao chegarem ao Brasil tornaram-se, primeiramente, procriadores. Como não havia mulheres brancas suficientes, a procriação deu-se em grande escala com a mulher índia. Os filhos de portugueses com as índias, segundo Darci Ribeiro, nem eram portugueses, nem eram índios. De outro lado o europeu assim como o negro africano introduzido depois, não eram europeus/africanos nem brasileiros. Este povo todo, sem pátria, sem identidade é que formou um novo povo, o povo brasileiro.

O extermínio do índio ocorreu pela escravização, embora o índio não tenha se tornado um bom escravo; pelas doenças do branco; pelo enlace sexual branco x índio dando origem a um novo povo; por guerras; suicídios, etc.

Todavia, a doutrinação, a dominação do índio pelo branco foi primordial para a formação de um Brasil unificado; sobretudo necessário para a formação do povo brasileiro. Desta forma o índio faz parte da história do povo brasileiro. Mas será que fazer parte da história, ter contribuído para a criação de um país unificado, civilizado justifica a barbárie? E que país civilizado temos? Qual a diferença que há entre o índio que comia humanos e um pai que joga a filha pela janela do apartamento?... (“para pensar”).

sábado, 12 de abril de 2008

A Importância da Educação Formal de Qualidade Para Todos

Por Edezilton Martins
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Segundo Darci Ribeiro (do livro “O Povo Brasileiro”) a distância social na sociedade brasileira é enorme. As distancias sociais e culturais são quase tão grandes quanto as que medeiam entre povos distintos.

Na base do funil está a massa constituída de empregadas domésticas, pequenas prostitutas e miseráveis. No topo está a classe dominante, individualista e exploradora.

A estrutura de classe brasileira é a mesma dos tempos da escravidão. De fato não acabou a escravidão no Brasil. O que houve foram adaptações sociais, onde a figura do explorador insensível e mau de um lado, e do outro a massa explorada persistiram.

Para Darci Ribeiro o pobre é feio devido sua condição de ser usado como objeto de trabalho. Quando o pobre ascende à classe dominante sua nova geração é mais bonita, e até aumenta de estatura. Este mesmo pobre ascendido perpetua a estrutura social vigente, pois não tem formação educacional suficiente para criar uma nova estrutura social. No Brasil quem tem condições financeiras e formação educacional manda; quem é dependente financeiramente ou não teve acesso à educação é subserviente.

O motivo desta dicotomia social brasileira é a diferença educacional entre os diversos segmentos que compõem o povo brasileiro.

O grande problema da sociedade brasileira está na insuficiência educacional que leva a massa a aspirar à ascensão social individualmente (inserir-se na classe dominante lhe significa a alforria).

A massa subserviente, bajuladora, sem educação formal vende o seu voto facilmente. O que segundo Darci Ribeiro perpetua a miséria.

Educação de qualidade para todos, saúde de qualidade, mesmo patamar salarial, etc. dentro de um sistema socialista fizeram de Cuba uma sociedade de iguais, diferente da brasileira.

Temos, no Brasil, uma sociedade disforme. Educação igual para todos, desenvolvimento econômico (com governos dispostos a anular os males do capitalismo) nos fará uma sociedade de iguais, em que o eleitor tenderá a não vender seu voto, escolher melhor, e o político tenderá a ser menos corrupto por imposição da sociedade.


José Edimilson disse...

Bem oportuna esta matéria. Se fossemos analisar os efeitos danosos que vivemos e sofremos, causados pela ausência da educação e principalmente da cultura, durante quase toda a história política e social do nosso Pais, talvez entendêssemos os absurdos que ainda comentemos.
Como somos uma nação despolitizada, sem acesso a educação, tornamo-nos uma sociedade cega, incapaz de ter uma visão geral dos absurdos que nos rodeiam e com isto perdemos a oportunidade de correção (de se auto-corrigir). Praticamos os mesmos erros, achando que o errado é certo. Há acadêmicos analfabetos de conscientização tão ignorantes como qualquer um leigo. Quando se aprende errado, dificilmente compreende-se o que é o correto. Por isso os problemas brasileiros são complexos e enquanto uma tenta acertar, a maioria pensa o contrário. Ainda bem que para compensar nossa cegueira, Deus que é brasileiro criou (além de cristo para salvar-nos do pecado) brasileiros como Darci Ribeiro, Gilberto Freire, e tantos outros para salvar-nos da ignorância.

12 de Abril de 2008 15:07


Ismael C disse...
Grande Ede, parabéns pela matéria. Só acrescentando: um povo culto é fruto de um povo rico!
E para propiciar riqueza em nosso pais, alguns ajustes tem que necessáriamente ser feitos. O mais relevante é uma reforma tributária. Quase 40% do PIB, atrás apenas da França e Itália, é nossa carga tributária. Nossa cesta de tributos é em sua maioria taxada no consumo. Quem ganha um salário mínimo, paga sobre uma refeição o mesmo imposto de quem ganha 10, 50 ou 100 salários. 40%!!! Além disso, é facil governar com caixa folgado e vazando por todos os lados. Uma reforma administrativa é necessária, para que gastos sejam cortados e sobrem mais verbas para as necessidades básicas (saúde, educação, segurança, infra estrutura, etc.)E uma reforma drastica nas leis trabalhistas.O velho Marx continua certo: o capital abre todas as portas.

16 de Maio de 2008 17:53

sexta-feira, 11 de abril de 2008

NÃO SÓ DE SECA MORRE-SE O NORDESTINO

Acude poço da cruz-Ibimirim-PE












O Nordeste é reconhecidamente uma região de longos períodos de estiagem. Quando falamos em Nordeste a imagem de seca toma a tela da nossa mente. Mas o que pouco se sabe é que as enchentes também fizeram, e ainda fazem muitas vítimas na região.
O Ceará é um dos estados que mais sofre, tanto com a seca quanto com as enchentes. O Oróz é um dos principais açudes que abastece regiões do estado: denota tristeza quando está seco e faz medo quando está cheio. No sertão do Moxotó, temos o açude do poço da cruz, na cidade de Ibimirim, que atualmente está cheio e recebendo muitos metros cúbicos de água, devido a grande quantidade de chuvas que vem acontecendo em todo o estado, causando preocupação com o um possível desabamento, o que tecnicamente está fora de cogitação.
Quem realmente não conhece ou não se lembra deste fenômeno(enchentes) em outras épocas, com certeza está achando distorcidas as manchetes que estão sendo noticiadas na mídia ("acha-se que não se trata do Nordeste do País"):

» Temporal deixa 12 cidades em estado de emergência no Pará
» Enchentes afetam mais de 390 mil pessoas no Nordeste
» Sem água potável, cidade alagada do PI deve receber carro-pipa
» Sobe número de cidades em situação de emergência no RN
» Piauí registra pior enchente em 25 anos

O número de municípios atingidos e de famílias desabrigadas por causa das fortes chuvas que atingem a Região Nordeste continua aumentando. Segundo dados da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), órgão ligado ao Ministério da Integração Nacional, o número de municípios atingidos pelas chuvas no Nordeste já chega a 250 e os afetados somam 415.691 (folha on-line).

Este paradoxo sempre existiu. As enchentes não são exclusividade sulista. Como também não é a seca exclusividade nordestina. É como dizia a profecia de António Conselheiro: "Um dia o sertão vai virar mar e o mar vai virar o sertão".

O cantor Raimundo Fagner, anos atrás, gravou uma música chamando atenção para o Brasil, dizendo que no Nordeste não só de seca morre-se o nordestino. Morre-se também de vergonha, de desespero, sem emprego, sem educação, e também se vive, principalmente, sem razão. E para consumar sua desventura, quando não é seca é enchente e a vida continua nessa dialética sem solução.

Titulo da Música: Orós 2 Artista: Fagner


"Não tem só seca no sertão
Quase acabava meu mundo
Quando o Orós impanzinô
Se rebentasse matava
Tudo que a gente plantô
Se não é seca é enchente
Ai, ai, como somo sofredô
Eu só queria saber
O que foi que o Norte fez
Pra vivê nesse pená
Todo nortista é devoto
Não se deita sem rezar
Se não é seca, é enchente, dotô
Que explicação me dá ?
Se o sulista se zangá
Dele eu não tiro a razão
Lá vem a mesma cunversa
Ou ajuda teu irmão
É triste um caboclo forte, dotô,
Ter que estender a mão
Não é só falar de seca
Não tem só seca no serão ... "


Dizem os mais antigos que as enchentes acontecem devido as súplicas exageradas feitas pelos sertanejos, durante os terços e novenas em dia de São José e em épocas de grandes períodos de estiagem. Como recompensa o santo abre as portas do céu sem piedade.

A música súplica cearense, cantada por Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, retrata esta boa vontade do céu cumprindo as suplicas cearenses.
Letra: Súplica Cearense
Composição: Gordurinha e Nelinho

"Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedir pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará"

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Poetas escrevem Nossa História

Desenvolvi, enquanto universitário, varias pesquisas sobre os valores culturais de Tupanatinga. Uma das grandes dificuldades era encontrar fragmentos da nossa história: documentos de cunho científicos ou quaisquer outros que registrassem algo sobre nossa cultura, nosso povo e nossa gente.
Hoje já é possível encontrar vários registros, apresentados de forma poética pelos artistas locais ou em trabalhos acadêmicos, pelos estudantes de modo geral. Encontrei nesses dias, dois folhetos poéticos, de autores diversos (Júnior Alves e Socorro Gomes), que de forma simples registraram fatos surpreendente do inicio da nossa historia. É o caso do folheto de cordel, de Júnior Alves, aluno da escola Jose Emilio de Melo, que inicia falando do índio, primeiros habitantes não só do País, mas também desta nossa região:

“Eles vieram para cá
Fugindo da escravidão
Deixando suas aldeias
Sofrendo perseguição
Mas construíram suas vidas
Nesse pedaço de chão.

Pois se agruparam aqui
Nessa região atraente
Devido á abundância de água
Nesse lugar existente
E assim de outros lugares
Chegou aqui muita gente

Assim com Filipe Néri
Que nessa região chegou
Uma boa propriedade
Dos índios ele comprou
E fez dessa o que quis
Pois de tudo ele plantou”

Além de trazer fatos importantes sobre o nosso descobridor Filipe Néri, também fala com muita precisão da descoberta da água, uma das maravilhas do nosso Município.

“Dizem que Filipe Néri
Quando logo aqui chegou
No seu pedaço de terra
Um olho d’água estourou
Ele pegou um tronco de pau oco
E em cima deste o colocou

Então jorrou tanta água
Daquele tronco de pau oco
Que causou tanta fissura
Que dava alegria e sufoco
Uma água branca e limpa
Como a clara de um ovo
Assim falaram pra mim
E agora falo para o povo

Contudo os viajantes
Que passavam na estrada
Ouviam certos boatos
De tanta água derramada
Nascida de um pau ocado
Que na terra fora fincado”

Fatos importantes como a religiosidade dos nossos antepassados, registrando o caráter religioso daquele povo com a doação do terreno pelo Sr. Filipe Néri e a compra da imagem da santa pelo Sr. José da Silva.
A vida empresarial da época ficou também registrada no verso abaixo:

“Pois nesse povoado
Antigamente existia
Do senhor António Machado
Uma pequena padaria
E a farmácia do senhor “seba”
Aberta de dia-a-dia

Havia também a loja
De dona Teresa Simões
E a do senhor José Emilio
Que vendia a prestações
Pois a concorrência era pouca
No controle dos tostões “

E a poesia continua rimando a nossa historia, nos versos de Socorro Gomes (Socorro de cabo do Campo). Professora e poetisa, foi mais além: falou do passado e presente. Falou da cultura e da geografia, de política e economia:

“Nosso solo é muito fértil
É uma beleza pura
Só faltam os governantes
Ver mais nossa agricultura
Enxergar mais os artistas
E investir na cultura

Pois temos as nossas danças
Não vamos deixar de lado
Quadrilha, samba de coco
Forro e xaxado
Também temos dança pop
Todas são do nosso agrado

Apresentando um relevo
Mais ou menos acidentado
Uma região pouco plana
Que de longe é notado
São poucos terrenos planos
Mas não foram retratados

A serra do Catimbau
De Buíque pertencente
A serra da Mina Grande
Duas serras, tão descentes.
Essas duas belas serras
Uma parte é da gente”

Parabéns para os poetas, sobretudo os que estão fazendo a nossa história. Um pedaço ali; outro aqui. Se emendarmos os retalhos (escritos) teremos então escrito parte da nossa memória.