segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Povo Brasileiro e a Ditadura Militar

Por Edezilton Martins e J. Edimilson
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Os homens sofremos a falta de conhecimento necessário para entender e compreender a realidade e a nós mesmos, o que resulta numa vida fútil, momentânea, sem passado e sem futuro.
Nosso comportamento é movido pela mídia. Não suportamos conviver com o silêncio. O silêncio nos mantém em contato com nós mesmos; e dentro de nós não há nada. A televisão sabendo disso (os canais sensacionalistas) usa locutores e apresentadores que falam sem parar, em tom acelerado, para não darem tempo para os telespectadores respirarem. Porque respirar é mergulhar no vazio de si mesmo. Observe o programa do Faustão da rede Globo.
A mídia, a propaganda, os governos, as empresas utilizam este vazio existencial humano como modo de manipulação. Tudo em função do comércio, do lucro. Afinal o homem sem conteúdo necessitará consumir continuamente para se satisfazer. O homem sem conteúdo elegerá maus políticos, e ainda os transformará em seus heróis. Esta subjeção ao sistema midiático se inicia com o homem já desde a tenra idade. Os pais transmitem para os filhos o mesmo vazio de que são vítimas; o mesmo consumismo besta. No lugar de ensinarem as crianças a serem, ensinam-lhes a terem. Fazem com que as crianças entendam que felicidade é sinônimo de consumo e não de valores, entendimento e conteúdo.
Aí vem a reflexão! A quem isto interessa? Onde nossa sociedade espera chegar com este despreparo?... Até quando a sociedade e a natureza suportarão esta vida consumista, desregrada e agressiva? ...
O homem precisa aprender a pensar como Sócrates, Platão e Aristóteles. As escolas e os pais deveriam proporcionar esta condição. Aí teríamos alunos críticos, com conteúdo, mais comportados. Obedientes, todavia não submissos. Esta ausência de valores percebida na juventude é conseqüência do vazio existencial humano. Há também a ausência de percepção das oportunidades por parte da juventude.
Tratando-se de Brasil, façamos um corte na linha do tempo para enxergarmos onde o brasileiro se perdeu na banalidade: o golpe militar de 64 proporcionou a ruptura entre o brasileiro engajado com as mudanças, o sonho de construção de um mundo de oportunidades, e o brasileiro alienado, fútil. A ditadura que matou, torturou e exilou as cabeças livres e inteligentes de nosso pais dilacerou o que de melhor tínhamos: homens que pensavam, que transmitiam valores e sonhos.
A censura institucionaliza da ditadura militar passou a censurar na imprensa, na arte, na escola e na cultura tudo aquilo que pudesse fazer o homem pensar. Pensar passou a ser proibido. A ditadura e a censura criaram uma mídia fútil, manipuladora, a serviço do sistema e do comércio.
Somos uma sociedade perdida. O bandido é o novo herói. O sensacionalismo é o que emociona o telespectador. A música que nossos jovens ouvem é um barulhão sem conteúdo, fútil, sem conteúdo crítico como na musica de um Chico Buarque, sem intervalos entre as notas para respirar como numa bossa nova. Os pais e os professores não têm conteúdo e condições para reverter o status da banalidade, do vazio existencial.
O golpe de 64 deixou-nos órfãos da educação e da cultura. Por conseguinte de valores, de capacidade crítica. Levou-nos ao abismo de nós mesmos. Transformou-nos em patéticos objetos de consumo.
Como os homens as instituições também se alienaram. Também se tornaram produtos de venda fácil. Prostituiram-se.
A luta contra os efeitos da ditadura militar continua: como mudar este retrato? Como romper com esta ditadura midiática? Como nos tornamos indivíduos críticos? Como transformarmos o sistema educacional? Como recuperarmos as cabeças pensantes que a ditadura militar dilacerou? Como recuperarmos os valores? Como voltar a sonhar? Como voltarmos a ser idealistas e revolucionários?... Chico Buarque cantou que “mesmo calada a boca resta a cuca, silêncio na cidade não se escuta...”. Mesmo calada a boca resta a escrita, a história, a literatura. É proibido se calar e aquietar. Sobretudo, é preciso fazer diferente.
Até a pouco tempo se creditava a pobreza brasileira ao fato do país ser subdesenvolvido. Mas agora o Brasil é a nona economia do mundo. A nossa maior miséria não é a econômica, nossa maior miséria é a ausência de valores, de conteúdo, de pensamento crítico; a miséria do nosso sistema de educação. Somos miseráveis porque somos ignorantes de nós mesmos (vazios de valores, sonhos e ideais).

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A VERDADEIRA IGREJA

“Procuro uma igreja onde o centro da vida litúrgica e espiritual seja Jesus e sua mensagem de libertação e esperança.

Procuro uma igreja que anuncie o Evangelho libertador de Jesus, e não as idéias dos seus pregadores oficiais(idéias sempre próximas dos interesses materiais e das ideologias).

Procuro uma igreja onde se possa orar conforme o ensinamento de Jesus; no silencio interior onde se escuta a voz de Deus; Uma igreja onde as celebrações litúrgicas se assemelhem a suaves canções a penetrar nos recônditos da alma.(A igreja do barulho dos trios elétricos e das palmas mecânicas é igreja espetáculo, jamais cenário de oração fecunda e lugar de encontro espiritual dos homens com o seu Deus).

Procuro uma igreja solidária e fraterna, onde todos possam se sentir parte de uma mesma família e a santidade seja atribuída apenas a Jesus, ele sim, caminho, verdade e vida.

Procuro uma igreja onde seus dirigentes não a gerenciem como uma empresa de artigos ou um supermercado da fé. Uma igreja solidário aos homens em seu trajeto histórico permeado de fracassos, erros e sólida, mas um caminhar também assinalado pelos momentos de soerguimento, refazimento da esperança e reafirmação da vida

Procuro uma igreja onde os pecadores sejam acolhidos como irmãos e participes da aventura comum da humanidade, e não sejam julgados segundo os critérios morais e o humor dos lideres religiosos e seus dedos em riste.


Procuro uma igreja que seja servidora dos homens, combatente ao lado dos pobres, animadora das utopias humanas por um mundo de fraternidade universal.

Oxalá exista uma semelhante igreja! Certamente sabe-se seu lugar: o coração dos homens de boa vontade.



Fragmentos de um manuscrito encontrado recentemente numa casa abandonada. Autor desconhecido. (Jornal de Arcoverde – Outubro / 2008)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tudo é Possível

Por Edezilton Martins


Trechos do discurso Martin Luther King:

I have dream (eu tenho um sonho).

Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".
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Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.


Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
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Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar.
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Link para leitura do discurso de Luther King na íntegra:
http://www.portalafro.com.br/religioes/evangelicos/discursoking.htm


O discurso memorável de Martin Luther King foi proferido em 28/08/63, motivado pela prisão de Rosa Park que se recusou a ceder lugar no assento de um ônibus para um branco como determinava a lei. Nesta época em alguns estados americanos o racismo era institucional.

Hoje (04/Nov/08, 45 anos depois) foi eleito presidente dos EUA um negro, Barack Obama.



Abaixo trechos do discurso de vitória de Obama:

Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.

É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.

Somos, e sempre seremos, os EUA da América.

É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor.
Demorou um tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA.

Não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.

Esta é a vitória de vocês.

Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.

O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos.

Prometo a vocês que nós, como povo, conseguiremos.

Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas.

Mas, sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

O que começou há 21 meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.

Esta vitória em si não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.

Portanto façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o outro.

E àqueles americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também serei seu presidente.

A aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a segurança: apoiamo-nos.

E a aqueles que se perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.

Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.
Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.

Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para votar. Podemos.

Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.

Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.

O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação.

E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar.
Podemos.

Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

Para dar emprego a nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos temos esperança.

E quando nos encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo: Podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe! E que Deus abençoe os EUA da América!
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Link para leitura do discurso de Obama na íntegra:
http://jn.sapo.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1039790&dossier=Elei%E7%F5es%20nos%20EUA


Há muitas semelhanças entre os dois discursos. Difícil não enxergar no discurso de Obama uma continuidade ao discurso de Luther King. Há neles o sonho de igualdade, liberdade e realização do sonho americano.

Obama não faz "o discurso da raça" porque para ele não existe raça. Os EUA entenderam sua mensagem.

Um negro na presidência dos EUA é histórico pelo valor simbólico que representa: a mensagem que transmitirá a todo o mundo, o combate ao preconceito. Um presidente dos EUA negro ,exposto na mídia, representa grande poder de transformar o pensamento estabelecido, os paradigmas.
A expressão "presidente negro dos EUA" não é apropriada. Obama se apresenta como surpa-racial.

Os eleitores votaram por consciência política sem levar em conta a questão da raça. Isto em um país cujo passado bem recente é de confronto entre raças.
Há semelhanças entre a eleição de Obama e a de Lula: ambas são marcadas pela superação do preconceito.

Os EUA mostraram maturidade, superação e racionalismo. O que não quer dizer que não exista racismo no país.

Luther King disse: “I Have dream” (eu tenho um sonho). Obama disse: “podemos”: É como dizer que Luther King sonhou e Obama iniciará mais um período de realização deste sonho. Obama fará isto explodindo o conceito de raça.

Para toda a humanidade é a prova da evolução do pensamento humano. Podemos sonhar com tempos melhores no futuro da humanidade. Podemos visualizar o tempo em que o sonho de Luther King será realidade.

Todavia as mudanças não se farão em passe de mágica. O processo será lento. Contiuará havendo muito racismo nos EUA e no mundo, ainda por muito tempo. Mesmo as mudanças políticas, econômicas e filosóficas.

Uma grande mudança, imediata, será a forma dos EUA tratarem as guerras e os conflitos mundiais, um EUA menos arrogante e prepotente, já que este tema gerou muitos votos para Obama.

O discurso e vitória de Obama deixam uma mensagem de muito poder: "a idéia de que tudo é possível". Isto vale para todo o mundo, sobretudo para o oriente médio devido a ênfase dada a explosão do conceito de raça, uma vez que o oriente médio precisa explodir o conceito de religião.

A mudança conceitual pode se tornar a maior mudança proposta por Obama. Esta é a mais nobre mudança.

Preconceitos como raça, gênero, religião,etc se combatem com educação crítica de qualidade.

I too have dream (eu também tenho um sonho). Eu tenho um sonho de que um dia todos os homens sejam cultos. E assim, livres e iguais.

sábado, 1 de novembro de 2008

Mariquinha do Coco, cultura viva de Tupanatinga.


A Rainha do Sambo de Coco tem seus 50 anos. Com uma pensão cria filhos e netos.
Uma vida fora do recinto escolar, mas com uma bagagem de sonhos, enraizada nos berços da cultura popular(danças e músicas folclóricas).
Estamos falando de Dona Mariquinha, que sempre alegre e contagiante ,diz ter a cultura popular nas veias. Conhecida como um alma viva da cultura do samba de coco em Tupanatinga ela ainda surpreende com outras manifestações culturais: Reisado, São Gonçalo e o Toré( a dança dos Índios).

Marinquinha nunca desiste. Devido a sua coragem e perseverança este movimento (samba de coco), mesmo empoeirado com o cansaço do tempo, continua vivo.

Defender sua cultura é a sua missão de todos os dias. Para ela o samba de coco é mais que um movimento. É sua própria identidade. Gosta da arte e o seu sonho é ensinar aos mais jovens para que esta cultura ultrapasse geração.

A Rainha do Coco é um espetáculo à parte: diferencia-se pela alegria e energia com que se apresenta, defende a atividade do grupo de coco de Tupanatinga e contagia pessoas.






sábado, 25 de outubro de 2008

Valéria Fagundes – A Flor de Cáctus do Sertão, cidade de Manari.









Manari, cidade que em 2002, ficou conhecida por causa do IDH mais baixo do País, fronteira do sertão de Pernambuco, divisa com o estado de Alagoas.
Cenário rústico com um sol causticante, sede e seca... analfabetismo e pobreza rodeados de desprezo político e social. Fatores que impossibilitam o desenvolvimento social e econômico, mas não o suficiente para destoar o talento e arte da menina Valéria, que imune, salvou-se para contar e registrar a história em forma de poesia, crônica e experiência de vida.

Protagonista do documentário “PRO DIA NASCER FELIZ” de João Jardim, que retrata os problemas educacionais vividos por professores e alunos, do Norte ao Sul do Pais, Valéria mostrou ao Brasil seu talento apesar da miséria: o brasileiro só precisa de oportunidades, de atenção e auto-estima.

Em Manari, após a constatação de que a cidade estava com o mais baixo IDH do País, várias medidas governamentais foram tomadas para tentar resolver os problemas sérios de analfabetismo, pobreza e desnutrição. Paralelo às medidas políticas, econômicas e sociais, foi feito o documentário supra citado, filmado na própria cidade que desencadeou noticiários e muitos investimentos em infra-estrutura, educação e saúde.


No meio deste deserto de prosperidade, surge então uma flor em meio aos espinhos, exuberante, propagando perfume de esperança, arte e vida para sua comunidade e o resto do mundo.

Apresentamos Valéria Fagundes em versos e crônicas:










Ainda me emociono quando recordo a escola
Por Valéria Fagundes

Eu sempre vivi de certa forma num universo à parte, numa realidade árdua e por vezes até paradoxal. Mas tenho sobretudo orgulho e demasiado carinho pelo sertão e principalmente pelos seres humanos que ali sobrevivem.

Tenho uma história de vida norteada por desafios e luta constante em favor de uma sociedade mais igualitária. Ainda me emociono quando recordo a escola onde estudei, quando lembro do tempo em que era possível correr, brincar, andar pelas ruas descalça.
Não era proibido vestir a liberdade e nem despir os anseios que se tinha no peito.

Só uma coisa ao certo me entristecia: minha escola não tinha uma estrutura física adequada, havia poucas salas, os professores não tinham muito recurso didático para trabalhar. E mesmo assim alguns conseguiam transmitir o que estava proposto.

Todos os alunos, de dentro das suas salas, podiam ver toda movimentação da rua, a escola era cercada apenas com arame farpado, na hora do intervalo jogávamos bola e comprávamos pirulito numa senhora gorda e mal humorada, os professores faziam piqueniques num único campo de futebol da cidade.

Nesse mesmo período, o Pnud - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - apontou Manari como a cidade de menor IDH ( Índice de Desenvolvimento Humano) do país.

A educação é por ventura um dos fatores que acarretam esse resultado vergonhoso. Manari também aparece no documentário "Pro Dia Nascer Feliz" , de João Jardim. Eu, por acaso, também tenho uma pequena participação neste documentário e evidencio, apesar de tudo, a esperança de um mundo mais justo.
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Minha vida tomou um outro rumo depois da participação neste filme, vejo como as pessoas ficam tomadas pela perplexidade quando o assistem, a angústia torna-se algo gritante.
Enquanto crianças e jovens continuam sem a educação, nossos representantes permanecem em seus castelos, cumprindo apenas as etiquetas da corte.
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Hoje tenho 19 anos e estou morando em Recife, trabalho num centro de ensino experimental, numa biblioteca e num espaço de mídia e educação.
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O que me deixa mais feliz é saber que graças ao filme a escola de Manari foi reconstruída. Sei que ainda há muito o que se fazer para mudar esse quadro educacional do país, sei também que a luta não vai ser fácil, mas estou disposta a tirar a educação desse casulo e fazer que ela chegue a todo o povo.
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Às vezes me bate uma saudade do sertão, um desejo de sair pelas ruas e cumprimentar as pessoas, de voltar à escola, rever minha família, meus amigos e professores. Mas lembro-me que é também por eles que estou aqui.

No filme de João Jardim, Valéria diz que seus colegas a acham diferente porque gosta de ler. No inesquecível final, declama um poema feito à maneira da Canção do Exílio de Gonçalves Dias.

Minha terra
Valéria Fagundes

Minha terra por ventura
merece tal descrição
lá a vida é menos dura
qualquer um lhe estende a mão.
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O céu é menos cinzento
lá não tem poluição
só existe um argumento
que me parte o coração.
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Ver o povo madrugar
e seguir para o roçado
mas se a chuva não chegar
perde-se o que foi plantado.
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Eu agora exilada
só me resta descrever
aqui não encontro nada
que me motive a viver.
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Mas falar da minha terra
ah, isso me dá prazer
E mesmo aqui tão distante
tenho algo a pedir.
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Quero agora, neste instante
voltar para Manari
pois eu não quero morrer
sem de lá me despedir.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Poesia de Edezilton Martins

Frida Kahlo

O tempo! Que mistério há no tempo?...
Uma roda que gira.
A terra, que gira, cria o pensamento.

Parem o tempo para eu pensar, por favor!
Um intervalo no tempo para eu estar.
Parem o tempo que quero amar.

Parem o tempo para os poetas passarem,
As moças casarem,
As crianças sonharem com um país melhor.

Parem o tempo para a polícia prender o senador,
Para Raul Seixas cantar.
Para minha namorada me beijar.

Parem o tempo, por favor!
Para eu apreender a beleza e sentir desejo.
Prolongar o prazer ("apreender a vida").

Parem o tempo!
Guimarães Rosa e Clarice Lispector querem falar.
Frida Kahlo quer pintar.
Parem o tempo para quem não viu Zico jogar.
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Parem o tempo... Por todos os poetas, parem o tempo!

domingo, 19 de outubro de 2008

Poesia com Micheliny Verunschk




Vamos conhecer a escritora poetisa, Micheliny Verunschk, que residiu em nossa Cidade (Tupanatinga), na década de 80 a 90.
Filha do Sr. Aluízio, sargento do município, e da Sra. Mércia, professora da Escola José Emílio de Melo. Nessa época, já participava de concurso de poesia e de um pequeno grupo de teatro existente na escola. Antes do retorno da família à cidade de Arcoverde.
Escritora de Arcoverde, Sertão de Pernambuco, formada em História. Consagrada como uma jovem escritora poetisa: tem livros editados e expostos em importantes livrarias do país (livraria cultura), e foi comentada nas colunas de um dos importantes Jornais de São Paulo (Folha de São Paulo).
Tem textos publicados em sites na internet, como o Jornal de Poesia e Le Mangue, nas revistas Cult e Poesia Sempre.
Despertou a atenção do poeta e professor de literatura, Frederico Barbosa. Foi a única voz da nova geração pernambucana a estar na antologia de 46 poetas que Frederico Barbosa organizou com Cláudio Daniel.

Entrevista para o Jornal Diário de Pernambuco:

DP - Cecília Meirelles, em poema famoso, diz que canta porque o instante existe. E você, por que escreve?
Verunschk - Escrevo porque é o melhor de tudo que posso fazer. Literalmente, eu não viveria sem escrever.
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DP - Para que poesia em tempo de crise?
Verunschk - A poesia oferece respostas para muitas angústias do ser humano, engendrando outros questionamentos. Algo paradoxal, próximo da filosofia, mas acredito que muito maior que ela.
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DP - Nos últimos anos, tem aparecido muitas antologias de poesia. Agora você é incluída numa delas, e justo numa que glorifica a chamada poesia de invenção. Que tipo de invenção faz a sua poesia?
Verunschk - Acredito que a imagem é a grande força da minha poesia. Gosto de subverter as imagens, dar-lhes outros significados. É algo como criar o seu próprio dicionário.
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DP - Fala-se muito em poesia feminina. Acredita no gênero?
Verunschk - Não, embora ache que há muito poeta por aí que faz gênero e insista em lugares comuns para enquadrar a poesia. É muito chato esse negócio de poesia feminina, poesia engajada, etc. A poesia é muito maior que esses rótulos.
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DP - Quais os poetas de que mais gosta? Que influência eles exercem sobre você?
Verunschk - Gosto de João Cabral, Carlos Drummond, Ezra Pound, Geraldino Brasil, Orides Fontella, citando aqui só os mortos. Acho que a maior influência que exercem sobre mim é a respeito do rigor na criação. Como leitora sinto na pele e na alma a seriedade e honestidade na feitura de cada poema desses mestres. Logo eu que lido com a poesia não posso exigir de mim menos rigor. O resultado é que nem sempre chego aos pés do que quero ou exijo de mim.
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DP - Acredita na inspiração?
Verunschk - Acredito na elaboração. Um poema pode estar se gestando há anos, e um dia ele chega até o papel como se fosse de uma tacada só. Aí muitos dirão que é inspiração, mas, que nada, ele já estava sendo feito há muito tempo.
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DP - João Cabral matou o lirismo, os concretistas sepultaram o verso. A sua poesia continua a cultivar os dois. De que espécie de lirismo é o seu, o da libertação a que se referiu Manuel Bandeira?
Verunschk - Talvez seja mesmo o da libertação. Quero a liberdade de escrever o que quiser na forma que quiser. Toda receita exige a criatividade do chef, seu tempero.
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DP - Poesia é jogo de paciência ou de palavra cruzada?
Verunschk - Poesia é cubo mágico. Lembra daqueles cubos que você fica armando até que as cores todas se encontrem em todas as faces?... Pois é, poesia é isso para mim, e o grande barato é que nem sempre dá pra montar e vencer o cubo. Acho que há um certo misticismo nisso, que alguns podem chamar de engenharia.
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DP - Que influência exerce no seu trabalho de poesia a música popular brasileira? E o rap e o rock?
Verunschk - Acho que antigamente a MPB exercia uma influência mínima na minha poesia, hoje não exerce influência nenhuma. Em geral, é muito ruim o que se produz em MPB no Brasil. É interessante você me perguntar também sobre rap e rock, pois só agora é que tenho me aproximado desses ritmos, conheci Nirvana com um atraso de dez anos. Estou gostando muito dessa incursão, mas não saberia dizer se exercem ou exercerão alguma influência.


"Escrever é tudo que posso fazer".

Do livro "Geografia Íntima do Deserto"


A PRESENÇA DOLOROSA DO DESERTO

Teu nome é meu deserto e posso
senti-lo incrustado no meu próprio território
como uma pérola ou um gesto no vazio
como o amargo azul e tudo quanto há de ilusório.

Teu nome é meu deserto, e ele é tão vasto
seus dentes tão agudos, seus sois raivosos
e suas letras (setas de ouro e pratanos meus lábios)
são o meu terço de mistérios dolorosos.


DA ROTINA

Varrer o dia de ontém
que ainda resta pela sala,
o dia que persiste,
quase invisível,
pelo chão, nos objetos,
sobre os móveis da sala.

Varrer amanhã, o pó de hoje.
Varrer.
Varrer hoje.

(E domingo quebrar nos dentes
o copo e sua água de vidro).


O CORPO AMOROSO DO DESERTO

Teu corpo branco e morno
(que eu deveria dizer sereno)
é para mim suave e doloroso
como as areias cortantes dos desertos.

Que importa que ignores minha sede
se tua miragem é água cristalina.

E a miragem eu firo com mil línguas
e cada uma é um pássaro.


Da redação do DP:


A poetisa, Micheliny Verunschk, 32 anos, é a única mulher, a única estreante, a única nordestina e a mais jovem entre os dez finalistas que concorrem ao Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira.
A lista foi divulgada no último dia 10/outubro. O vencedores serão conhecidos no dia 9 de novembro, mas a indicação já revela a singularidade da escritora.

Nascida em Recife, Micheliny tem raízes em Arcoverde, primeira cidade do sertão pernambucano. Ali, onde a seca assola e falta água, cresceu a poetisa, em meio à fertilidade de manifestações culturais: samba-de-coco, coco raízes e reisado. Entretanto não é daí que brota sua poesia.

"Geografia Íntima do Deserto" (Landy, 2003), que concorre ao prêmio, ao contrário do que pode sugerir o título e a associação deste com a biografia da autora, nada tem desse imaginário nordestino. É "poesia do não-lugar". "Procuro não deixá-la datada", diz.

Contra os rótulos, para ela, "poesia não tem gênero, local, etnia ou temática. O poeta tem de fingir que não é ele sendo ele mesmo. "Sou uma farsante", se diverte com a idéia. "Não é porque sou mulher que minha poesia tem de ser erótica ou cor-de-rosa."

Micheliny cria a partir de imagens. "Tento transformar imagens em palavras. Travo uma luta com as palavras. Elas fogem. Preciso laçá-las. Escolho ritmos e metáforas para traduzi-las. O poema me acompanha por alguns dias de gestação. É muito triste quando não consigo fazê-lo nascer."

Segundo ela, esse processo nada tem a ver com inspiração, mas com elaboração. "Para construir um edifício de palavras, a base precisa ser firme. Caso contrário, o prédio fica torto e não é a Torre de Pisa", compara.

"O rei está nu e no jornal", diz Micheliny, se referindo ao interesse que seu trabalho vem despertando. "Temo ser a bola da vez. O que quero é fazer bons poemas. Não quero me tornar uma escritora profissional. Enquanto achar que há um poema bom, continuo a publicar. Se não, não publico."

Micheliny se considera tímida, mas vê como especial a possibilidade de ser instrumento de destaque para a poesia. Ela é o patinho feio da literatura. "Quando a poesia aparece é importante aproveitar o momento. Dar voz aos contemporâneos, revelar aqueles que ainda têm uma estrada por fazer". Nesse caminho, o objetivo de Micheliny é passar pelo crivo de sua autocrítica. "Preciso muito escrever bem. Reescreveria o "Geografia Íntima..." todinho. Meu exemplar está todo rabiscado."

Filha de um militar e de uma professora de geografia, diz que isso não tem relação com o título do livro. No entanto não nega a influência dos pais em sua formação. "Desde muito cedo ganhava livros. Era colocada para dormir ouvindo poemas", recorda. Hoje, ambos são seus leitores. "Eles são críticos e deslumbrados pelo monstro que criaram", brinca.
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Micheliny começou a cursar faculdade de psicologia, no Recife, mas não se identificou. Optou pelo curso de história, que cursou em Arcoverde, motivada por uma leitura "um pouco torta", nas palavras dela. "Não queria fazer letras, mas gostava de literatura. Escolhi história porque toda história é uma invenção, uma ficção a partir da visão de um herói", avalia.
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Para o blog Conexão Cultural é um orgulho fazer conhecer a escritora poetisa, Micheliny Verunschk: pela qualidade da sua poesia, e por ela ter morado por mais de uma década entre nós.

sábado, 18 de outubro de 2008

BANCO DO BRASIL, 200 ANOS FAZENDO O FUTURO



Fundado em 12 de outubro de 1808, pelo Rei D. João VI, O Banco do Brasil esteve presente em muitos acontecimentos políticos e decisões históricas do País.

Seu aniversário foi lembrado por quase toda mídia. No JB foi manchete de primeira página, destacando seu pioneirismo marcado em toda sua trajetória ao longo dos seus 200 anos, sendo o primeiro Banco a ter ações na bolsa, a oferecer crédito agrícola e industrial, a criar o cheque especial, a unificar crédito e débito num só cartão, a investir em desenvolvimento regional sustentável e a oferecer atendimento aos brasileiros no exterior. Portanto é o Banco do Desenvolvimento Regional Sustentável, do Agronegócio e do Comércio Exterior, Banco de Inovação e da Conveniência, do Crédito, da Cultura e do Esporte, Banco do Mundo e da Tecnologia Social.

O Banco do Brasil por ser presente em todo canto do País, foi marcante e decisivo no desenvolvimento de pequenas comunidades. Aqui em Tupanatinga, foi inaugurado em agosto de 1979, na administração do Prefeito da época, Sr. Artur Flor de Sousa. A cidade capengava ainda. As estradas que nos interligavam com os demais municípios nem eram asfaltadas, e o sistema de abastecimento de água era a base de "cacimbas". Devido a carência de escola e professores, muitos dos funcionários do Banco, vindo de outras regiões contribuíram na formação educacional dos nossos jovens. A partir de então, o progresso foi chegando e a Cidade foi adquirindo forma.

Parabéns, Banco do Brasil, pelo seus 200 anos de desenvolvimento, sobremaneira nas longínquas cidades, onde sem sua presença, seria impossível pensar algum progresso!


INAUGURAÇÃO DA AGENCIA DO BANCO DO BRASIL EM TUPANATINGA EM AGOSTO DE 1979

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Em Recife um novo João; em Tupanatinga um novo Manoel.

Em Recife um novo João irá governar a cidade nos próximos quatro anos. Aqui em Tupanatinga, sai Manoel de Roque e entra Manoel Tomé.
Manoel Tomé Cavalcante foi eleito com 57% dos votos válidos. Assim como João , Manoel é sucessor do atual prefeito: "de João pra João; de Manoel para Manoel".

Manoel Ferreira dos Santos (Mané de Roque-Prefeito atual) foi além do Prefeito do Recife, João Paulo:
João Paulo entra para história política da Capital como o primeiro prefeito de capital reeleito a fazer seu sucessor.
Mané de Roque é o primeiro prefeito a eleger dois sucessores: Duca Feitosa em 1996 e Manoel Tomé em 2008.
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A curiosidade é que Mané de Roque venceu todas as suas disputas, desde a época da candidatura a vereador.

Em Recife, o novo João, já deu seu grito de independência: dois dias após a eleição, informou que terá equipe própria de governo, e que não fará administração igual a de João Paulo (Jornal Diário de Pernambuco, 06 de outubro).

Quanto ao nosso novo Manoel ainda não se tem informação oficial. A população, todavia, ansiosa espera a posse do novo prefeito para ver qual será sua atitude como administrador: será um seguidor de Mané de Roque ou fará um governo diferente?...
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Dos nove vereadores eleitos que comporão a câmara, seis são da coligação da situação. Dos antigos vereadores somente três se reelegeram. Entre os novos eleitos constam alguns vereadores bastante jovens.
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Vereadores eleitos:
RENATO DE BRAZ
GILSA
IDELFONSO
QUINCA
CICERO DE GREGORIO
RIMOALDO
NENEN DA BAIXA GRANDE
MARA
ARTUR JUNIOR
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Da Câmara de Vereadores espera-se novas atitudes, visto que a formação atual encontrava-se bastante desacreditada.
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Neste país em que as instituições encontram-se desacreditadas, é muito importante que os poderes executivo e legislativo de nosso município façam um trabalho sério e responsável, elevando a auto-estima do povo, com melhoria na educação, cultura, saúde, desenvolvimento, liberdade de expressão, respeito a democracia e a dignidade do povo, etc. É isto que o povo de Tupanatinga precisa e espera.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Consciência Política

Por Edezilton Martins
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Num trabalho escolar da minha filha de 10 anos, ontem, numa interpretação de texto sobre trabalho infantil, havia a pergunta: “o que você entende por consciência”?.. Respondi, sem consultar o dicionário: "consciência é a percepção e entendimento das diversas situações". Complementei a definição ministrando uma aula para minha filha sobre consciência política, consciência ecológica, educação, democracia, ideologia política, etc.

Hoje (15/10) assisti ao filme “O caçador de Pipas”, entendi que consciência é fazer o que deve ser feito. Consciência é obrigação. Consciência é aquilo que fizeram os brasileiros que desafiaram a Ditadura Militar.

No dia da eleição, em Tupanatinga-Pe, os eleitores, por volta das 16h00minhs, fizeram um arrastão pelas ruas da cidade: era gente muito simples... Mas entre eles algumas pessoas destoavam do grupo: um e outro ilustre, gente com todos os dentes na boca. Difícil até pensar?.. Foi uma cena cinematográfica... Para nunca mais esquecer (... o homem despolitizado, mergulhado na miséria, desdentado, perdido dentro do arrastão).

A massa que fazia o arrastão agia como na música de Geraldo Vandré (paródia): “caminhando e gritando e seguindo a multidão, há gente desenganada, amada ou não, quase todas perdidas com calos nas mãos... São todos iguais, desdentados ou não”.

O povo sem consciência política é manipulado pela magia que os ricos exercem sobre os pobres. Tem visão imediata que o torna suscetível a errar nas suas escolhas políticas e pessoais. Um povo, via de regra, vendido ou iludido.
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Temos uma luta pela frente: junto com desenvolvimento, lutar para melhorar os modos de percepção e de ação do povo. Precisamos educar nossos filhos para que eles não sejam conformados e alienados políticos.
Que nossos filhos, os novos brasileiros, componham o arrastão da difusão da educação e cultura, com promoção da cidadania, liberdade e igualdade. Esta é a revolução de verdade; a vitória dos bons.
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Este artigo não pretende supor que o povo fez escolha errada na eleição municipal local ; visa somente retratar o comportamento geral.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Educação em Tupanatinga

Por Edezilton Martins

Nesta sexta-feira (19/09) os professores de Tupanatinga voltaram ao trabalho.
O juiz da comarca de Buíque deu ganho de causa às reivindicações dos professores. Termina assim, com sucesso, a primeira greve da história de Tupanatinga.

O IDEB de Tupanatinga ref. 2007 é 3,3, enquanto o IDEB nacional é 4,2. Ou seja, a qualidade da educação de Tupanatinga não é boa. O salário do professor, mesmo com aumento, está longe de ser o ideal. Atualmente, muitos professores ganham um salário mínimo; uma minoria ganha ganha acima do mínimo.

Agora é a hora dos professores e sociedade se mobilizarem para melhorar a qualidade de ensino de Tupantinga, exigindo do novo administrador municipal em 2009:
a) gestão profissional e técnica da educação;
b) investimento em formação de professores, como pós-graduação paga pelo município, cursos de capacitação, convênio de capacitação com universidades da região;
c) Mobilizar os pais para que participem da educação escolar dos filhos de forma mais efetiva;
d) Exigir que a prefeitura proporcione um local/condições para que os alunos, que não têm pais em condições de complementarem a educação escolar em suas casas, possam ser ajudados;
e) promoção de avaliações periódicas de desempenho dos professores, premiando com aumento de salário ou bônus os que se destacarem;
f) salas de aula com material e equipamentos adequados (sala de vídeo, ambiente de informática, livraria, etc);
g) premiação aos alunos que se destacarem com bolsas de estudo;
h) criação da casa de apóio ao estudante em Recife;
i) efetivação de concurso público para professores;
h) criação do ambiente cultural/democrático onde a população possa exercer a cidadania;
i) investimento em cultura;
j) montagem de uma biblioteca pública, com incentivo a leitura;
k) internet grátis para a população;
j) etc.

É preciso que o Sindicato dos Professores façam valer as suas promessas de melhoria de ensino.
Que o próximo administrador municipal adote a educação e a cultura como prioridades de governo.
É isto que pais e alunos devem exigir de professores, instituições e governo.

ENCONTRO DE JOVENS E PPNE

Neste domingo (21/09) ocorreu, no novo ginásio de esportes, um encontro de Jovens de Tupanatinga, com o tema: ”E aí, jovem, o que você pensa do futuro?”.
O encontro foi promovido pela igreja católica e os debates giraram sempre em torno da fé: “a fé como sentido para a vida”.
A única preocupação é de que a fé conforma, sendo que os jovens deveriam ser mais inquietos/idealistas. Nesta idade, entre 12 e 18 anos, é momento do jovem escolher sua linha de ação na vida: opção pela ética,justiça, luta pela igualdade, contato com a literatura, o ecológico, social e cultural. Não fazendo esta opção a vida do jovem fica à deriva. A fé somente não é suficiente. O bem deve ser praticado por concepção do que é certo e do que é errado.

Destacamos a realização do 10º encontro do PPNE. Tal evento visa à inclusão social dos portadores de deficiência física das zonas urbana e rural,e tem como organizadores a Escola José Emílio de Melo, seus professores e alunos,especialmente as professoras Socorro Campos e Amelinha.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

BAILE DA TERCEIRA IDADE REUNE FAMILIARES E AMIGOS


Aconteceu, nesse sábado (19/09), o segundo baile dos idosos realizado pela Secretaria de Assistência Social.
O envelhecimento não é mais sinônimo de recolhimento. Hoje, a palavra politicamente correta para definir esta faixa etária é “EXPERIENCIA”.

O governo Lula ficará marcado como o governo da inclusão. No bojo desta política a geração da terceira idade está ocupando seu espaço. Embora, discretamente. É preciso que o programa da Secretaria de Assistência Social de Tupanatinga, de inclusão de idosos, seja mais abrangente, pois atualmente atende uma parcela mínima de idosos.

Atualmente há, em Tupanatinga, o clube da terceira idade que promove exercícios físicos, artesanato, pinturas, e freqüentemente faz um arrasta-pé. No carnaval, por exemplo, o bloco da terceira idade foi destaque na avenida, e com certeza, não vai parar por ai.

Este movimento é importante, pois resgata a auto-estima de uma geração esquecida (inclusão é o contrário de esquecimento). As ações desenvolvidas promovem a inclusão social dos idosos, traz vida e experiência para uma sociedade carente de valores humanos, éticos e morais. Sobretudo, torna o idoso um cidadão com existência política.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A Obra de Fernando Pessoa

Por Edezilton Martins
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Não há dúvida de que muito do entendimento que temos é equivocado. Logo se faz necessário abalar o modo de pensar. Deus criou a verdade inatingível e a Igreja inventou uma verdade. Constato que as noções de céu, inferno e pecado perdem substancialidade.
Quando mais me aprofundo no entendimento mais constato que precisamos ver as coisas ao contrário. Somos vítimas das idéias fixas, das crenças inquestionáveis e do saber pronto.
Há na literatura exemplos extraordinários de homens que abalaram a forma de pensar de sua época, e cuja obra é eterna, porém ainda não devidamente conhecida. Entre eles destaco Nietzsche e Fernando Pessoa. Sobre Nietzsche já escrevi neste blog. Escrevo agora sobre Fernando Pessoa.
Nietzsche se definiu como um homem póstumo. "Minha obra somente será entendida pelos homens do futuro", disse. Fernando Pessoa se definiu como um caráter diferente.
A mente de Fernando Pessoa foi algo extraordinário. Havia em Pessoa um descontentamento com o humano. Descontentamento decorrente da sua percepção, baseada na sua experiência própria, do que transcende o humano, conhecimento num só entendimento da absoluta possibilidade/capacidade humana em contraste com as limitações inerentes a sua natureza. Pessoa se desvencilhando de toda forma de idéias fixas, crenças e saber pronto, sem negá-los insipientemente, deixou sua mente aberta ao novo, sua capacidade de aprendizado disponível. O que limita o entendimento são as premissas. Os dogmas religiosos constituem as premissas mais determinantes.
Corajoso ao extremo foi Pessoa. Não se limitou a ser ele mesmo, precisou ser tudo, de todos os modos ao mesmo tempo (ver a poesia “Passagem das Horas” do heterônimo Álvaro de Campos). Pessoa não sentiu tudo, porque isto seria impossível, mas ousou ser muito grande. E foi... Foi grande no uso da imaginação: utilizou-se da imaginação para multiplicar as suas experiências, porque não se contentava com pouco.

Algumas passagens de Pessoa ele mesmo: “A vida é breve, a alma é vasta” / “Ser descontente é ser homem” / “Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena” / “Quem quer passar além do bojador, tem que passar além da dor”.

Algumas passagens do heterônimo Alberto Caeiro: “Há metafísica bastante em não pensar em nada” / “pensar em Deus é desobedecer a Deus” / “É preciso não ter filosofia nenhuma. Com filosofia não há árvores; há idéias apenas” / “sentir é estar distraído” / “o que penso eu das coisas? Sei lá o que penso eu das coisas?... Se eu adoecesse pensaria nisto”.

Algumas passagens do heterônimo Ricardo Reis: “Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo, e ao beber nem recorda que já bebeu na vida. Para quem tudo é novo e inacessível sempre” / “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim a lua toda brilha, porque alta vive”.

Algumas passagens do heterônimo Álvaro de Campos: “excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma” / “sentir tudo de todas as maneiras, viver tudo de todos os lados, ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo, realizar em si toda a humanidade de todos os momentos, num só momento difuso, profuso, completo e longínquo” / “não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”.

Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos são os três heterônimos mais conhecidos de Fernando Pessoa (heterônimo: pessoa não real inventada por Pessoa como tendo vida real para o público). Cada um dos heterônimos pensa de modo distinto; discordam entre si, mas também se completam. A heteronímia foi a forma que Pessoa encontrou de pensar tudo na literatura e na vida pessoal.

A obra de Pessoa é uma daquelas leituras imprescindíveis. Quem quiser se iniciar na leitura deve ler “O Eu Profundo e os Outros Eus”, editora Nova Fronteira, livro do qual foram tiradas as passagens inseridas neste texto.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Olimpíadas 2008

Por Edezilton Martins
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É assaz estreita a relação entre os feitos do esporte e as realizações corporativas, sucesso empresarial. O que caracteriza esta relação é o fator liderança e time.
A definição mais interessante para liderança está no livro O Monge e o Executivo: “Ser líder é servir”.
Nas partidas dos diversos esportes, sobretudo nas coletivas, se ver, particularmente, as atuações dos líderes servidores.
A partida de disputa do ouro que o futebol brasileiro feminino fez nas olimpíadas contra os Estados Unidos foi destaque a atuação de Marta.
Na partida de Volleyball masculino, na semifinal contra a Itália, quando o Brasil perdeu o primeiro set jogando abaixo do seu potencial, o destaque foi Giba. Chamou para si a responsabilidade, passou a virar todas as bolas, fazendo com que o time todo encontrasse o seu melhor volleyball.
Diferente do que vem ocorrendo com o futebol masculino: ganhou uma das últimas copas do mundo jogando mal; foi eliminado da última de modo covarde. E nestas olimpíadas foi uma vergonha. Um jogador como Ronaldinho Gaúcho não pode abdicar da função de líder: “Como jogador é um craque; como determinação mental é um perdedor.
Quando duas equipes se equivalem numa partida a determinação mental faz a diferença.
Assim como nos esportes as empresas somente obtêm sucesso se funcionam como times.

Um dos melhores sentimentos é o sentimento de vitória; campeão. Porém este sentimento não é prerrogativa dos esportistas: quem ocupa cargo de direção ou gestão de pessoas no universo empresarial pode ter o mesmo sentimento de vitória de um esportista. Bernardinho, técnico do volleyball masculino, é um excelente exemplo de gestor de pessoas de sucesso. Outro exemplo, no universo corporativo, foi Jach Welch, líder da GE que revolucionou a forma de administrar e fazer gestão de pessoas.
O sentimento de vitória pode ser vivenciado pela simples sensação do fazer bem feito, já que nem todos têm a oportunidade de assumir cargos de direção ou gestão de pessoas. Ou pela sensação de estar na vida fazendo a coisa certa, vivendo com ética, coragem e determinação.

Há, de modo geral, nas pessoas medo de serem felizes, vitoriosas, boas no que fazem, diferentes. Há, também, pessoas que ao serem boas valorizam, demasiadamente, este feito; com isto se tornam suscetíveis.
Uma pessoa, quando experimenta o sentimento de sucesso, tornar-se diferente, predestinada ao sucesso.
É necessário o sucesso. A sensação de fazer algo de modo extraordinário dá ao homem o apoio e auto-estima necessários para obter sucesso em todas as outras áreas da vida: relacionamentos pessoais, sexual, amizades, etc.
Não pode haver sucesso sem simplicidade e ética. Um homem corrupto será sempre um derrotado, ainda que aparentemente pareça vitorioso. Porque um corrupto é um covarde. O sentimento de sucesso, tão necessário para a formação do homem de sucesso, não combina com o sentimento de covardia. Ética é fundamento do sucesso.

Os esportistas de sucesso nos ensinam que não se faz um verdadeiro campeão, ou um verdadeiro homem sem simplicidade, ética e determinação mental: não há times de sucesso ou empresas de sucesso sem grandes lideres; não há grandes lideres sem ética, simplicidade e determinação mental.

domingo, 17 de agosto de 2008

Literatura da Seca

Por Edezilton Martins
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Há obras extraordinárias que abordam a sistemática da seca e da fome no Nordeste do Brasil. Só para citar algumas: “Vidas Secas” de Graciliano Ramos, “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto (na literatura); “Asa Branca” de Luiz Gonzaga (na música).
Há uma mística nostálgica em torno da temática da seca e da fome. Há diversos escritores e pensadores iniciantes que insistem em produzir literatura abordando o tema. Devíamos nos contentar com as obras já célebres, como as citadas. Precisamos ver o Nordeste noutra perspectiva.
Enquanto o Brasil cresceu, em média, 5,4% em 2007, o Nordeste cresceu 5,9%. A população nordestina está inserida, substancialmente, nos 52% da classe média, cfe pesquisa da FGV.
Enquanto mistificamos o nordeste como sinônimo de seca, fome e miséria deixamos de focar o real potencial desta região.
A mistificação enquanto modo global, holístico de ver a realidade é, didaticamente, alienadora à medida que deixamos de ver e tratar as particularidades. Isto se aplica, sobretudo, no campo político e sociológico. O político que pensa o povo de modo coletivo assume o risco de não enxergar as particularidades. O sociólogo que procede desta forma comete um tremendo erro de entendimento.
Não é que não haja seca e fome no Nordeste. Estas existem e precisam ser vistas e tratadas como particularidades. O cidadão visto como povo tornar-se anônimo. Ou seja, onde há coletividade não há justa cidadania. Porque a cidadania só existe particularizada.

Cometemos o mesmo erro quando pensamos a nação brasileira. Há bastante literatura tratando de particularidades brasileiras, embora com caráter universal: “Os Sertões” de Euclides da Cunha, “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa, “Casa Grande e Senzala” de Gilberto Freire, etc. É importante lermos e estudarmos tais obras. Todavia, devemos ter a consciência de que elas não descrevem o Brasil de hoje: inserido na economia mundial e emergente; do tráfico, milícias e ausência do Estado; da educação deficiente; de classe média em ascensão, hoje 52% da população. O Brasil que, em 2030, segundo o Goldman Sachs, ocupará a 5ª posição entre as maiores economias do mundo.
Vivemos outra realidade: a era da internet, das economias e saber globalizados em que não é mais necessário viajar fisicamente para conhecer o mundo. O mundo cabe na tela do computador. Isto exige que o homem tenha a mente aberta e flexível, apta e receptiva a novos entendimentos, paradigmas e culturas.
Não há lugar para disputas de religião, raça, sexo e ideologias. Luta armada, resistências, Che Guevara, Fidel Castro, etc. funcionaram no passado. O mundo, hoje, é de quem não faz guerras por ideologias ou dogmas; é de quem dispõe de caráter, educação social e diferencia-se pela competência. Esperteza é ser honesto. Isto pode parecer contraditório, pois nos parece, pelo que vemos na mídia e ao nosso redor, que os imorais estão levando vantagem.
O futuro será dominado pelas pessoas de caráter porque estas pessoas são mais comprometidas com a superação pessoal, tendentes a ter leitura mais exata das oportunidades. São pessoas amantes da literatura, das artes e da educação. Estas lhes dão um poder extraordinário.

domingo, 3 de agosto de 2008

Fernando Pessoa

Por Edezilton Martins
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Mas o que é o próprio homem senão um inseto cego e inane zumbindo contra uma janela fechada? Instintivamente pressente, para além da vidraça, uma grande luz e calor. Porém é cego e não pode vê-la; nem pode ver que algo se interpõe entre ele e a luz. Por isso esforça-se atabalhoadamente por se aproximar dela. Pode afastar-se da luz, mas não consegue chegar mais perto desta do que a vidraça o permite. Como irá a ciência ajudá-lo? Pode descobrir a irregularidade e as protuberâncias próprias do vidro, constatar que aqui é mais espesso, ali mais fino, aqui mais grosseiro e acolá mais delicado: com tudo isso, amável filósofo, até que ponto se aproxima da luz? Até que ponto esta mais perto de ver? E todavia acredito que o homem de gênio, o poeta, consegue de algum modo atravessar a vidraça e sair para a luminosidade exterior; sente calor e satisfação por ter ido tão mais longe do que todos os homens, mas mesmo ele não continua cego? Estará mais próximo de conhecer a verdade eterna?

Deixe-me levar a minha metáfora um pouco mais longe. Há alguns que se afastam da vidraça para o lado errado, recuando; porém, ao darem consigo longe dela gritam em redor, “Já a atravessamos”.

O texto acima é de autoria de Fernando Pessoa; do livro “Escritos autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal”.
O texto dispensa comentários.

A literatura nos permite de algum modo atravessar a vidraça e sair para a luminosidade exterior. Como o poeta do texto de Pessoa.

O homem precisa de mais caráter e menos religião. O homem não precisa de fé. A fé conforma.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Desfile de Moda é Arte em Tupanatinga



O desfile de moda da empresária Cláudia Tavares foi um excelente evento. Assim como os outros desfiles que houve na cidade.


O desfile foi realizado no novo ginásio, em junho/2008.


De olho nas festividades juninas e na tradicional festa de Padroeira (Santa Clara), a empresária apresentou aos seus clientes sua nova coleção. Para tanto, organizou um grandioso evento: (destaque e ousadia!) fez um espetáculo de arte e beleza.


A beleza esteve presente no requinte da ornamentação e nos encantos das modelos. O público, presente e atento, demonstravam satisfação e deslumbramento pela apreensão do belo.


Os desfiles de moda em Tupanatinga estão se firmando. Excelente! Tais eventos têm valor artístico e educacional , e cria ambiente cultural. Estética e glamour!


Moda é arte. Assim os desfiles de moda merecem todo o destaque da mídia de Tupanatinga.

sábado, 26 de julho de 2008

Eleições Para Prefeito 2008

Por Edezilton Martins
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Hoje a mídia discute a questão de candidatos a prefeitos que respondem a crimes na administração pública quanto à autorização para candidatura.
Não somente deveria ser proibida a candidatura pelo motivo acima, como deveria se aplicado um concurso com objetivo de testar as competências dos candidatos quanto a direito, administração, filosofia (ética), matemática, língua portuguesa, cidadania e conhecimento do município. Prova aplicada pelo juiz Valter José Vieira, na cidade de Poço Fundo-MG, detectou que 20% dos candidatos as eleições eram analfabetos. Quase a totalidade dos políticos municipais tem nível de escolaridade insuficiente.

Nas pequenas cidades, onde o contato com o eleitor é mais efetivo, houve tempo em que os eleitores votavam em quem os coronéis determinavam, depois passaram a votar na simpatia do candidato, nas últimas eleições votaram em quem lhes pagou mais (sem generalizações). Precisamos ensinar o povo a votar por consciência. Este é um papel da educação.
Recentemente li que cada pessoa namora a pessoa que merece no momento.
Alguns cientistas políticos pensam que se Luiz Inácio Lula tivesse governado o país antes de eleição de 2002 não teria feito um governo a altura do que fez ou faz atualmente. Cada cidade tem o prefeito que merece.
Não faço apologia ao governo Lula. Entendo que não corresponde ao meu sonho de governo. Porém tem uma coisa muito importante no seu governo e no PT: a questão da valorização da consciência política, o que remete a educação.
Lula tem uma história de vida e de sucesso que o obriga a fazer muito mais.Lula por representar a consciência política, somente por isto, faz mais por esta nação que todos os outros governos que eu vi governar este Brasil.
O PT decepcionou a todos quando se envolveu em corrupção e tornou-se menor que Lula. Todavia ainda é um partido que vale a pena. Ainda representa a consciência política, embora muito descaracterizado. Atualmente o PT não pode ser classificado como partido de esquerda. Não temos, hoje no Brasil, partidos de esquerda com expressão.
Deveria existir neste país um partido onde o aspirante a candidato devesse ser admitido somente após uma seleção séria, como fazem as empresas do setor privado. Este deveria ser o lugar do PT.
Infelizmente, motivados pela onda do governo no poder, nestas pequenas cidades brasileiras há muitos políticos do PT totalmente analfabetos de consciência política.
Nos meus melhores sonhos de idealista visualizo uma boa quantidade de eleitores fartos de mentira, os quais embora não votem por consciência, votarão nesta eleição para prefeito e vereador por convicção própria. Há muitos políticos preocupados com o provável desfecho que terá sua candidatura. Ruim para estes, bom para o Brasil.
O brasileiro, devagar, está aprendendo a votar. Isto tem relação com a quantidade de informações disponíveis (internet); educação. Haverá um dia em que os homens de caráter e preparados poderão se candidatar a cargos eletivos no Brasil com chances de sucesso; sem precisarem sentir vergonha de fazê-lo.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Programação Festa de Agosto de Tupanatinga

As festas de Padroeira são manifestações culturais de suma importância devido seu forte contexto cultural, religioso e histórico que denota toda tradição, usos e costumes, saberes e fazeres de uma comunidade.
Em nossa Cidade a padroeira é Santa Clara cujos festejos se realizam no mês de Agosto, com balões, banda de pífano e parque de diversões. Nas noites se apresentam grandes bandas de músicas, de todos os gêneros. As manifestações religiosas são compostas por missas, quermesses , novenas e procissões.

A escolha da Santa como padroeira da cidade foi feita pelos Senhores Felipe Néri e José Silva, primeiros proprietários e fundadores do município.


Programação fetiva:

Dia 02/08 Banda Líbanos/ Adilson Ramos
dia 03/08 Cavalheiros do Forro/ Olhar de menina
dia 04/08 Acadêmicos da Bahia / Jailson Oliviera
dia 05/08 Tropikalia / Forró sabor de café
dia 06/08 Arreio de ouro/ manga larga
dia 07/08 Limão com mel/ acadêmicos da Bahia
dia 08/08 Gatinha manhosa/ medalha de ouro
dia 09/08 Brasas do Forró/ vilões do forró/ olhar de menina
dia 10/08 Garota safada/ forró sabor de café/ mano Walter

Tem também a programação religiosa, em que são celebradas missas em todas as noites, sempre às 19h30m, e homenangens aos noiteiros, encontros e palestras.
Estas festas de Tupanatinga fazem do mês de agosto o mês mais interessante do calendário, pois é o mês em que Tupanatinga recebe muitos dos seus filhos que moram fora.
Garantia de uma excelente Festa.

sábado, 12 de julho de 2008

Memórias de Tupanatinga














Professores da Língua Portuguesa e Alunos da Escola Manoel Borba participaram do Projeto idealizado pelo MEC e Ministério da Educação: OLIMPÍDAS DA LINGUA PORTUGUESA.

As professoras Eliane Ferro de Oliveira, Valéria e Maria Souza Cavalcante desenvolveram com os alunos uma oficina especial de Memórias da Cidade, resgatando um pouco de sua historia cultural, social e política.
Os trabalhos foram focados em pesquisa de fotos e fatos épicos, bem como em entrevistas com pessoas idosas da Cidade, segundo a Professora Eliane.


O resultado do trabalho foi exposto durante todo o evento, na própria escola, e recebeu várias visitas, de alunos da escola e ‘da comunidade.
Num clima de muita curiosidade e emoção, os visitantes não deixaram de registrar os elogios e a importância deste evento: uns maravilhados pelas recordações, outros surpresos com a história registrada.

CADA IMAGEM ABAIXO, REPRESENTA UM PEDAÇO DA HISTÓRIA DA CIDADE:


D. Leninha, Ex-Diretora Esc JEM
Um quadro que chamou atenção foi o painel com exposição exclusiva da Ex-Diretora da E. J. E. Melo, Maria Helena Cursino de Melo. Uma persolinadade importante na história da educação do município, que deixa um legado de saber muito rico.
Exerceu o cargo de direção da Escola José Emilio de Melo com postura. Velhos tempos em que a escola e o professor tinham o respeito merecido na sociedade.
Seria oportuno que, paralelo a este trabalho, fosse aberto espaço para debates e palestras focando a importância da iniciativa deste memorial, e sobretudo da Educação na integração comunidade/familia.
Festa de Formatura realizada no Clube municipal( onde hoje funciona a Câmara). Presentes o Prefeito, Jaime de Melo Galvão e demais autoridades da época.








AS MISSOES DE FREI DAMIÃO TAMBÉM FORAM MARCO HISTÓRICO À MEDIDA QUE REGISTRARAM MOMENTOS FORTES, DE MUITA FÉ E DEVOÇÃO.
Não dá para se falar em problemas sociais, em qualquer parte do nordeste, sem fazer referência à seca. Embora muitos problemas estejam sendo resolvidos hoje, sem que a seca tenha sido exterminada do sertão Nordestino. Hoje graças a tecnologia e investimentos socias feitos na região, o efeito da seca é bem menor. No passado essa politica social era subsídio para os coronéis da politica e o povo se valia da fé. Apelavam para os santos vivos da Terra: Pe. Cícero e Frei Damão.









A Praça Cel José Emilio de Melo, ainda na primeira construção, com a gruta de pedra da imagem de Santa Clara.Ao lado vê-se dois fuscas (automóves importantes na época).



Abaixo, início da construção da Cidade: Canais e calçamentos iam , aos poucos, moldando a paisagem e deixando para trás a imagem fria e pobre da Vila Santa Clara. As crianças curiosas divertiam-se bastante com a chegada do progresso.











Construção do calçamento do Jardim Santa Clara, defronte as casas dos Bancários.









O beco do largo do comércio, também sendo pavimentado. Este beco dá acesso ao Centro da Cidade, sobretudo ao pessoal que vem da zona rural. Muito movimentado nos dias de feiras e festas na cidade.








Início da principal rua do Jardim Santa Clara. À esquerda da rua fica a Escola José Emilio de Melo.










Eleições Municipais de Tupanatinga 2008

Encerrou-se, neste sábado 05 de julho, o prazo final para os partidos e coligações apresentarem à justiça eleitoral o registro de seus candidatos para as eleições de 2008.
Os candidatos e partidos políticos dão início neste domingo às atividades de campanha conforme prevê a justiça eleitoral: realização de comícios, serviços com carros de som, etc. (FOLHA ON LINE).

Em Tupanatinga, após as convenções partidárias e os registros dos seus respectivos candidatos, encerra-se o período pré-campanha e inicia-se definitivamente a campanha eleitoral 2008 para sucessão do atual Prefeito, Sr. Manoel Ferreira dos Santos.
O atual prefeito esta concluindo seu terceiro mandato como Prefeito da cidade e espera eleger como sucessor seu atual vice-prefeito, Sr. Manoel Tomé Cavalcante. Para vice-prefeito desta chapa foi escolhido o atual Presidente da câmara, Sr. Jose Genecy Minervino.


Na oposição, compõe a outra chapa o ex-prefeito, Sr. Jose Cordeiro Feitosa (DUCA), que concorre pela terceira vez consecutiva ao pleito. Para vice-prefeito desta chapa foi escolhido o atual diretor da Escola Jose Emilio de Melo, Sr. Luiz Carlos Cavalcante (Lula).

Nós eleitores esperamos que a campanha às eleições seja decente, sem conhecidos absurdos característicos.
Que durante a campanha os candidatos apresentem soluções concretas para os problemas do município.
Esperamos que a sociedade analise criteriosamente as propostas de cada um dos candidatos, e escolha aquela mais coerente com as necessidades do município no que diz respeito à segurança, saúde, educação e cultura, esporte e lazer, crescimento e emprego, ética na política, respeito aos eleitores não lhes comprando e permitindo sua participação na administração do município.


O Blog “Conexão Cultural”, aproveitando o momento propício, espera no decorrer da campanha que se inicia poder debater cada questão acima citada, apontando caminhos, expondo idéias, etc.; sempre com imparcialidade. Afinal, quem promove cultura não discute política partidária.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Nietzsche e a Religião

Por Edezilton Martins
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Predomina nas religiões ocidentais a noção de que o homem existe separado de Deus.
Para Joseph Campbell e para algumas religiões orientais “na sua natureza mais profunda o homem é Deus”.
Temos que as religiões ocidentais e orientais, de modo geral, pensam a relação do homem com Deus de modo bastante diferente.

No ocidente nos ensinam que com o pecado original o homem foi expulso do paraíso e condenado ao sofrimento.
O destino do homem é o sofrimento. Para José Edimilson (Zé de Nica) isto decorre da invenção do pecado. O pecado (a desobediência) faz com que o homem esteja brigado com Deus. O que cria uma dependência do homem na relação com Deus na medida em que um filho que briga com o pai depende do seu perdão (benção) para voltar a ser feliz.

Analisando os ensinamentos religiosos ocidentais temos que o homem é visto como “coitadinho” que para ter direito a um lugar no céu a condição é ser pobre e submisso.
No decorrer da história as igrejas, sobretudo a católica, estiveram do lado do poder. Hoje este está do lado do poder dá-se de modo sutil. Ocorre na medida em que a igreja se cala diante das desigualdades sociais, ensinando que ser pobre e submisso é uma necessidade.

Nietzsche subverteu este modo de pensar das religiões ocidentais.
Filósofo alemão (1844/1900), Nietzsche foi submetido a uma educação religiosa ocidental rígida, seu pai e avós foram pastores protestantes.

Para Nietzsche “Deus está morto”.
Percebeu Nietzsche analisando o homem de antes do surgimento da ciência, do surgimento das religiões até final da idade média, que quando este se encontrava doente rezava pedindo a cura. Com o surgimento da ciência o homem rezava, mas também procurava um médico que lhe receitava um remédio eficiente. A ciência assumiu uma função que antes era exclusivamente de Deus. Com a expressão “Deus está morto” Nietzsche vislumbrou uma situação de independência do homem em relação a algumas funções divinas.

Outra expressão de Nietzsche: “Todos os deuses morreram, agora vive o super-homem”.
Para Nietzsche o super-homem seria um homem independente das funções divinas, não coitadinho, potente e ousado, capaz de se reinventar.
O super-homem destoa da regra de que “Deus pode tudo; o homem não pode nada”.
Nietzsche no seu livro mais marcante “Assim Falou Zaratustra” diz repetidas vezes que “o homem precisa ser superado”.

O Homem precisa ser superado. O homem como potência em contrapartida ao homem coitadinho.

Acerca da queda do homem.
A queda do homem dá-se quando Adão e Eva se vêem nus. A queda é o atributo da percepção.
“... e Eva tentada pela serpente deu a Adão o fruto proibido (descobriram o sexo). Adão e Eva se perceberam nus. Deus condenou-os a viver na terra. Adão trabalhará para sustentar a família. Por causa do pecado de Eva a mulher sofrerá a dor do parto e prestará obediência ao marido”.
“O homem precisa ser superado”.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Acredito na Educação Como Modo de Revolução

Por Edezilton Martins
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Ser idealista na sociedade de hoje é difícil, todavia possível. Ser idealista é absolutamente necessário e heróico.

Ouvi, nesta semana, de um jovem que ser idealista é está fadado ao suicídio.
Plínio Arruda concebe que não ser idealista remete à loucura.
Portanto o jovem e Plínio Arruda pensam diametralmente oposto.

Ao jovem respondi que sou idealista, otimista e feliz.

No documentário “A Vida e Trajetória de Glauber Rocha” Darci Ribeiro relatou ter Glauber chorado, numa manhã em seu ombro, os males do Brasil: falta de liberdade, ditadura militar, corrupção, força bruta, censura, desigualdades sociais, etc. Coisas pelas quais somente chora um idealista.

È preferível ser idealista e chorar a não ser idealista e não ter sentimento nenhum diante das barbaridades sociais; diante da falta de escrúpulo e compromisso da sociedade brasileira.
A ausência de ideal predispõe o homem a se inserir na corrupção.

A sociedade encontra-se apática.
A última manifestação de envergadura foi o “Fora Collor” e as “Diretas Já”, mas isto já tem tempo. Não há mais a música de protesto de Vandré, Chico, Gil e Caetano... Não há mais a música da legião Urbana (o rock de protesto dos anos 80). O PT se tornou decepção.

Todas as grandes transformações na economia, na sociedade ou na vida pessoal surgem após um estado de apatia. É como se o estado de apatia fosse o útero gerador de mudanças.
Pode-se ver que há nesta sociedade apática, embora em minoria, grandes heróis, grandes idealistas. Enquanto houver idealistas temos motivos para acreditar no Brasil.
Darci Ribeiro escreveu: “Estou velho e perdi todas as minhas lutas. Mas não queria está no lugar dos meus vencedores. O Brasil é o país do futuro. Os jovens irão continuar meu trabalho”.

Qual a forma de agir ideologicamente (fazer revolução) na sociedade atual?
- Já se acreditou em mudar o Brasil através da luta armada. Não deu certo.
- Já se falou em mudar o Brasil pelo voto. Também não deu certo.

A revolução que se fará na sociedade de hoje se dará pela educação. Todavia, é necessário ter muita paciência porque é um processo lento.
Paciência e otimismo como os tinham Darci Ribeiro e Teotônio Vilela; como somente os idealistas são capazes de tê-los.

Não se cria nenhum novo paradigma na sociedade que não tenha por base um novo estágio de consciência do seu povo. Por conseguinte, sem educação não há revolução (Não se faz revolução sem que o povo esteja preparado: a revolução tem sustentação no povo).
No caso em questão, um novo paradigma, a revolução pela educação propriamente, se estabelece no momento em que a sociedade democrática se apercebe dos seus direitos e os faz valer, seja pelo processo de associação ou pela via judicial. Ainda que não tenha votado corretamente.

Que me desculpe o jovem citado no início deste texto, mas eu concordo é com Plínio Arruda.