quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tudo é Possível

Por Edezilton Martins


Trechos do discurso Martin Luther King:

I have dream (eu tenho um sonho).

Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".
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Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.


Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
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Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar.
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Link para leitura do discurso de Luther King na íntegra:
http://www.portalafro.com.br/religioes/evangelicos/discursoking.htm


O discurso memorável de Martin Luther King foi proferido em 28/08/63, motivado pela prisão de Rosa Park que se recusou a ceder lugar no assento de um ônibus para um branco como determinava a lei. Nesta época em alguns estados americanos o racismo era institucional.

Hoje (04/Nov/08, 45 anos depois) foi eleito presidente dos EUA um negro, Barack Obama.



Abaixo trechos do discurso de vitória de Obama:

Se alguém aí ainda dúvida de que os Estados Unidos são um lugar onde tudo é possível, que ainda se pergunta se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nossos tempos, que ainda questiona a força de nossa democracia, esta noite é sua resposta.

É a resposta pronunciada por jovens e idosos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, indígenas, homossexuais, heterossexuais, incapacitados ou não-incapacitados.

Somos, e sempre seremos, os EUA da América.

É a resposta que conduziu aqueles que durante tanto tempo foram aconselhados por tantos a serem céticos, temerosos e duvidosos sobre o que podemos conseguir para colocar as mãos no arco da História e torcê-lo mais uma vez em direção à esperança de um dia melhor.
Demorou um tempo para chegar, mas esta noite, pelo que fizemos nesta data, nestas eleições, neste momento decisivo, a mudança chegou aos EUA.

Não esquecerei a quem realmente pertence esta vitória. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.

Esta é a vitória de vocês.

Enquanto comemoramos esta noite, sabemos que os desafios que nos trará o dia de amanhã são os maiores de nossas vidas - duas guerras, um planeta em perigo, a pior crise financeira em um século.

O caminho pela frente será longo. A subida será íngreme. Pode ser que não consigamos em um ano nem em um mandato. No entanto, EUA, nunca estive tão esperançoso como estou esta noite de que chegaremos.

Prometo a vocês que nós, como povo, conseguiremos.

Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas.

Mas, sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nos afrontam. Ouvirei a vocês, principalmente quando discordarmos. E, sobretudo, pedirei a vocês que participem do trabalho de reconstruir esta nação, da única forma como foi feita nos EUA durante 221 anos, bloco por bloco, tijolo por tijolo, mão calejada sobre mão calejada.

O que começou há 21 meses em pleno inverno não pode acabar nesta noite de outono.

Esta vitória em si não é a mudança que buscamos. É só a oportunidade para que façamos esta mudança. E isto não pode acontecer se voltarmos a como era antes. Não pode acontecer sem vocês, sem um novo espírito de sacrifício.

Portanto façamos um pedido a um novo espírito do patriotismo, de responsabilidade, em que cada um se ajuda e trabalha mais e se preocupa não só com si próprio, mas um com o outro.

E àqueles americanos cujo apoio eu ainda devo conquistar, pode ser que eu não tenha conquistado seu voto hoje, mas ouço suas vozes. Preciso de sua ajuda e também serei seu presidente.

A aqueles que pretendem destruir o mundo: vamos vencê-los. A aqueles que buscam a paz e a segurança: apoiamo-nos.

E a aqueles que se perguntam se o farol dos EUA ainda ilumina tão fortemente: esta noite demonstramos mais uma vez que a força autêntica de nossa nação vem não do poderio de nossas armas nem da magnitude de nossa riqueza, mas do poder duradouro de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e firme esperança.

Estas eleições contaram com muitos inícios e muitas histórias que serão contadas durante séculos. Mas uma que tenho em mente esta noite é a de uma mulher que votou em Atlanta.
Ela se parece muito com outros que fizeram fila para fazer com que sua voz seja ouvida nestas eleições, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.

Nasceu apenas uma geração depois da escravidão, em uma era em que não havia automóveis nas estradas nem aviões nos céus, quando alguém como ela não podia votar por dois motivos - por ser mulher e pela cor de sua pele.

Esta noite penso em tudo o que ela viu durante seu século nos EUA - a desolação e a esperança, a luta e o progresso, às vezes em que nos disseram que não podíamos e as pessoas que se esforçaram para continuar em frente com esta crença americana: Podemos.

Em uma época em que as vozes das mulheres foram silenciadas e suas esperanças descartadas, ela sobreviveu para vê-las serem erguidas, expressarem-se e estenderem a mão para votar. Podemos.

Quando havia desespero e uma depressão ao longo do país, ela viu como uma nação conquistou o próprio medo com uma nova proposta, novos empregos e um novo sentido de propósitos comuns. Podemos.

Quando as bombas caíram sobre nosso porto e a tirania ameaçou ao mundo, ela estava ali para testemunhar como uma geração respondeu com grandeza e a democracia foi salva. Podemos.

O homem chegou à lua, um muro caiu em Berlim e um mundo se interligou através de nossa ciência e imaginação.

E este ano, nestas eleições, ela tocou uma tela com o dedo e votou, porque após 106 anos nos EUA, durante os melhores e piores tempos, ela sabe como os EUA podem mudar.
Podemos.

Esta é nossa oportunidade de responder a esta chamada. Este é o nosso momento. Esta é nossa vez.

Para dar emprego a nosso povo e abrir as portas da oportunidade para nossas crianças, para restaurar a prosperidade e fomentar a causa da paz, para recuperar o sonho americano e reafirmar esta verdade fundamental, que, de muitos, somos um, que enquanto respirarmos temos esperança.

E quando nos encontrarmos com o ceticismo e as dúvidas, e com aqueles que nos dizem que não podemos, responderemos com esta crença eterna que resume o espírito de um povo: Podemos.

Obrigado. Que Deus os abençoe! E que Deus abençoe os EUA da América!
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Link para leitura do discurso de Obama na íntegra:
http://jn.sapo.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1039790&dossier=Elei%E7%F5es%20nos%20EUA


Há muitas semelhanças entre os dois discursos. Difícil não enxergar no discurso de Obama uma continuidade ao discurso de Luther King. Há neles o sonho de igualdade, liberdade e realização do sonho americano.

Obama não faz "o discurso da raça" porque para ele não existe raça. Os EUA entenderam sua mensagem.

Um negro na presidência dos EUA é histórico pelo valor simbólico que representa: a mensagem que transmitirá a todo o mundo, o combate ao preconceito. Um presidente dos EUA negro ,exposto na mídia, representa grande poder de transformar o pensamento estabelecido, os paradigmas.
A expressão "presidente negro dos EUA" não é apropriada. Obama se apresenta como surpa-racial.

Os eleitores votaram por consciência política sem levar em conta a questão da raça. Isto em um país cujo passado bem recente é de confronto entre raças.
Há semelhanças entre a eleição de Obama e a de Lula: ambas são marcadas pela superação do preconceito.

Os EUA mostraram maturidade, superação e racionalismo. O que não quer dizer que não exista racismo no país.

Luther King disse: “I Have dream” (eu tenho um sonho). Obama disse: “podemos”: É como dizer que Luther King sonhou e Obama iniciará mais um período de realização deste sonho. Obama fará isto explodindo o conceito de raça.

Para toda a humanidade é a prova da evolução do pensamento humano. Podemos sonhar com tempos melhores no futuro da humanidade. Podemos visualizar o tempo em que o sonho de Luther King será realidade.

Todavia as mudanças não se farão em passe de mágica. O processo será lento. Contiuará havendo muito racismo nos EUA e no mundo, ainda por muito tempo. Mesmo as mudanças políticas, econômicas e filosóficas.

Uma grande mudança, imediata, será a forma dos EUA tratarem as guerras e os conflitos mundiais, um EUA menos arrogante e prepotente, já que este tema gerou muitos votos para Obama.

O discurso e vitória de Obama deixam uma mensagem de muito poder: "a idéia de que tudo é possível". Isto vale para todo o mundo, sobretudo para o oriente médio devido a ênfase dada a explosão do conceito de raça, uma vez que o oriente médio precisa explodir o conceito de religião.

A mudança conceitual pode se tornar a maior mudança proposta por Obama. Esta é a mais nobre mudança.

Preconceitos como raça, gênero, religião,etc se combatem com educação crítica de qualidade.

I too have dream (eu também tenho um sonho). Eu tenho um sonho de que um dia todos os homens sejam cultos. E assim, livres e iguais.

sábado, 1 de novembro de 2008

Mariquinha do Coco, cultura viva de Tupanatinga.


A Rainha do Sambo de Coco tem seus 50 anos. Com uma pensão cria filhos e netos.
Uma vida fora do recinto escolar, mas com uma bagagem de sonhos, enraizada nos berços da cultura popular(danças e músicas folclóricas).
Estamos falando de Dona Mariquinha, que sempre alegre e contagiante ,diz ter a cultura popular nas veias. Conhecida como um alma viva da cultura do samba de coco em Tupanatinga ela ainda surpreende com outras manifestações culturais: Reisado, São Gonçalo e o Toré( a dança dos Índios).

Marinquinha nunca desiste. Devido a sua coragem e perseverança este movimento (samba de coco), mesmo empoeirado com o cansaço do tempo, continua vivo.

Defender sua cultura é a sua missão de todos os dias. Para ela o samba de coco é mais que um movimento. É sua própria identidade. Gosta da arte e o seu sonho é ensinar aos mais jovens para que esta cultura ultrapasse geração.

A Rainha do Coco é um espetáculo à parte: diferencia-se pela alegria e energia com que se apresenta, defende a atividade do grupo de coco de Tupanatinga e contagia pessoas.