A
Dança de São Gonçalo tem origem
portuguesa e pode ser encontrada em diversos estados do
Brasil, com características próprias em cada região
[1].
história
Era antigamente realizada no interior das igrejas de
São Gonçalo, festejado a
10 de janeiro, data de sua morte em
1259. realizada em Portugal desde o
Século XIII, chegou ao
Brasil em princípios do Século XVIII, com os fiéis do
santo de Amarante.
Na cidade do Porto, em Portugal, o ato de se dançar nas ocasiões de
comemoração à São Gonçalo era chamado de Festa das Regateiras. Ocasião
em que participavam as mulheres que queriam se casar. A dança era
realizada dentro da igreja, o que nos remete à Idade Média e Moderna em
Portugal.
Brasil
No
Brasil,
atualmente não há dia determinado; aliás não fazem mais festas,
romarias para o santo (outrora 10 de janeiro) somente oferecem-lhe uma
dança e reza, cerimônia que ocorre sempre que alguém lhe tenha feito
promessa e alcançado uma graça.
Em algumas locais o Santo (Imagem) é representado da forma Católica,
ou seja com a ausência da viola, no entanto as imagens do Santo
destinadas para o culto popular através da Dança de São Gonçalo é
representada ,na grande maioria das vezes de duas maneiras:
Esta manifestação pode ser encontrada em quase todo o Brasil, com
variações coreográficas bastantes diversificadas, tomando diferentes
formas de execução.
O primeiro registro de uma festa de São Gonçalo na
Bahia foi feito em
1718, na cidade de
Salvador, pelo viajante francês
Gentil de La Barbinais.
A festa aconteceu na antiga igreja de São Gonçalo, no atual bairro da
Federação, e reuniu o então Vice-Rei Marquês de Angeja, padres,
fidalgos, mulheres e escravos que dançavam com tamanha intensidade que
"faziam vibrar a nave da igreja". Aos gritos de "Viva São Gonçalo do
Amarante", os bailarinos pegaram a imagem do santo e "começaram a
jogá-la para o alto, de um para o outro ...", escreveu o escandalizado
viajante.
A dança hoje é organizada em pagamento de promessa devida a São
Gonçalo. O promesseiro é quem organiza a função, administrando todo o
processo necessário à realização deste ritual. É realizada dentro de
casa ou em local coberto, onde se arma um altar com a imagem deste santo
e outros de devoção do promesseiro. Em frente a este altar é que se
desenvolve toda a dança.
Os dançarinos se organizam em duas fileiras, uma de homens e outra de
mulheres, voltadas para o altar. Cada fileira é encabeçada por dois
violeiros, mestre e contramestre, que dirigem todo o rito.
A dança é dividida em partes chamadas “volta”, cujo número varia
entre 5, 7, 9 e 21. Entre cada “volta” há interrupção e todos aproveitam
para se servir das iguarias oferecidas pelo promesseiro.
As “voltas” são desenvolvidas com os violeiros cantando, a duas
vozes, loas a São Gonçalo, enquanto dançarinos, sapateando na fileira em
ritmo sincopado, dirigem-se em dupla até o altar, beijam o santo, fazem
genuflexão e saem sem dar as costas para o altar, ocupando os últimos
lugares de suas fileiras. Cada volta pode durar de 40 minutos a 2 ou 3
horas, dependendo do número de dançadores. Na última “volta”, em São
Paulo chamada “Cajuru”, forma-se uma roda onde o promesseiro a dança
carregando imagem do santo, retirada do altar. Se houver mais de um
pagador de promessa e mais de uma imagem, todos os promesseiros carregam
simultaneamente as imagens. No caso de haver apenas uma imagem para
vários promesseiros, o santo vai passando de mão em mão, enquanto os
demais dançarinos agitam lenços brancos.
No
Paraná, as “voltas” recebem nomes especiais, como “despontam”, “marca-passo”, “parafuso”, “confissão” e “casamento”.
Em
Minas Gerais
é considerada dança de votos de solteironas que desejam se casar. A
dança é desenvolvida por dez ou doze pares de moças, todas vestidas de
branco, cada uma delas levando um grande arco de arame recoberto de
papel de seda branco franjado. O movimento das rodas é ordenado pelo
“marcante”, única figura masculina presente. Acompanhada pela música
executa em viola, sanfona e caixa, a coreografia consta de evoluções com
os arcos.
As Rodas de São Gonçalo de Amarante acontecem durante a Festa de
Nossa Senhora do Rosário.
Participam desta dança igualmente, as moças casadouras da cidade, que
em pares e vestidas de branco empunham um arco ornamentado de flores e
fitas. Após a missa matinal, as moças saem da igreja pelas ruas em
cortejo, cantando loas ao santo casamenteiro, acompanhadas de músicos
tocando violas, rabecas, violões e pandeiros. A dança se estende pela
noite, defronte das igrejas ornamentadas com arcos de flores, iluminados
por velas acesas.
Em
Alagoas
a dança incorpora elementos litúrgicos e as moças novamente, vestem-se
inteiramente de branco. Formam duas colunas com seis pares que dançam
acompanhadas pelos tocadores.
Em
Pernambuco as moças vestem-se com saias azuis e blusas brancas. Na Bahia a indumentária é livre.
Em
Sergipe
a tradição tem a referência do padre português que introduziu a dança
como pretexto para atrair os infiéis à igreja, catequizando-os e
incutindo-lhes a prática do casamento. O grupo é conduzido por um
"mestre" tocador de viola, um "contra-mestre" que toca a "meia-cuia" e
dois guias. A dança é executada em nove rodas, divididas em treze partes
apresentando coreografias diferenciadas. A indumentária é livre.
No município de Laranjeiras em Sergipe, no povoado de Mussuca, essa
dança é executada somente por homens (negros em sua maioria). A única
mulher presente não tem papel ativo (carrega o santo).