domingo, 25 de janeiro de 2009

O Povo Brasilero e a Ditadura Militar, Parte II

Por Edezilton Martins
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As mazelas de que, nós brasileiros, somos vítimas não decorrem somente dos efeitos da ditadura militar, embora a ditadura tenha acelerado este processo. Somos vítimas dos aspectos malévolos do pós-mordernismo e do capitalismo.
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A justificativa para deflagração do golpe foi o flertes do presidente Jango com o socialismo. Não fazendo apologia ao socialismo, este teria agregado outros valores ao Brasil, e não teríamos copiado tanto a sociedade norte-americana. Seríamos diferentes em certos aspectos.
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É verdade que a ditadura eliminou nossas cabeças pensantes com tortura e morte. Todavia o Brasil, hoje, tem muitas cabeças pensantes. Estes não estão nas salas de aulas. Há, entretanto, diferenças: as cabeças pensantes são, hoje, geralmente individualistas. O homem moderno e capitalista é individualista.
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A ditadura militar acelerou o processo de construção do brasileiro moderno. Mais recentemente, o processo democrático e a liberdade de imprensa ao escancararem a corrupção mostraram ao homem brasileiro quanto ele é impotente. O monstro na ditadura era o estado, agora é a corrupção. Esta sensação de incapacidade remete-nos ao individualismo, ao não idealismo.
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O homem moderno e o brasileiro se sentem incapazes, a juventude não ver perspectiva, as escolas não os ensina a pensar.
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Uma sociedade como somos hoje os brasileiros: sem sonhos e perspectiva, sem valores fundamentais, etc. é uma sociedade esclerosada.
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Encontramo-nos numa encruzilhada. A justiça, a democracia, a liberdade de expressão, e o desenvolvimento econômico vão aos poucos mostrando o caminho a seguir. Todavia, o caminho completo somente poderá ser mostrado pela educação. A educação brasileira não se apresenta para cumprir seu papel na história. Nossos professores não estão preparados para ensinar a pensar.
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Entramos, em massa, em contato com a filosofia da índia através da novela das oito da Rede Globo. Parece-nos absurda a divisão de castas indiana. Nós brasileiros, os norte-americanos e outras sociedades temos nossas divisões em castas: brancos e pretos, ricos e pobres, judeus e arianos, masculino e feminino, etc. “Chego a ter um pouquinho de inveja dos indianos quando percebo a sua noção de respeito ao outro, não obstante, sua divisão em castas seja um desrespeito incomensurável”.
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As escolas, a mídia, os governos, o povo brasileiro precisam passar por um processo de antropofagia, de deglutição desta cultura norte-americana e modelos de modernidade com fito de eliminar aquilo que não se adapta a nossa idiossincrasia. Precisamos deglutir nossas crenças. Precisamos deglutir inclusive a nossa história, porque há muita mentira nesta. O bispo Sardinha talvez não tenha sido comido vivo pelos índios. Havia interesse do governador de eliminá-lo.
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“A educação tem o poder de fazer a única revolução possível. Por conseguinte, o poder de desconstruir e fazer a história; desconstruir e construir o novo homem, o novo Brasil. Educação não é brincadeira de menino pequeno”.
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Afora a ditadura da mídia que impera hoje, o monstro da corrupção, a não apresentação da educação, o outro grande mal brasileiro é a desigualdade: “Justiça, desenvolvimento econômico e educação nos tornam iguais”.
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“A vida não tem mais que duas portas: uma de entrar, pelo nascimento; outra de sair, pela morte. Em tão breve trajeto cada um há de acabar a sua tarefa. Com que elementos? Com os que herdou, e os que cria. Aqueles são a parte da natureza. Estes, a do trabalho (educação). Se a sociedade não pode igualar os que a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação (trabalho)” Rui Barbosa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante este blog...
Vou me manter conectado nas atualizações...
É um convite à reflexão... é mais que entretenimento!
Obrigado!
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