A vida é para quem está aquém dela. Nós pobres mortais, materializamos nossos sonhos, quando sonham, nas coisas poucas ao nosso redor. Poucos têm a coragem de sair um pouco mais de si. Quando saem podem conhecer um pouco mais de si, dos outros, do mundo. Sair de si pra se ver melhor por dentro. Somente as grandes pessoas vivem assim. Na maioria delas, são artistas, idealistas, verdadeiros sábios que a morte por si não o imortaliza. Assim foi o grande Espedito, perna que a nova geração da sua Terra Natal não tenha conhecido o homem, passamos então agora, conhecer a sua obra. (por Edimilson)
AE Notícias
Faleceu na manhã desta quinta-feira (18) o dirigente comunista e artista plástico Espedito Rocha. Ele estava internado há seis dias no Centro Médico Nossa Saúde, em tratamento de um câncer no pulmão, diagnosticado em meados de 2009. Espedito Oliveira da Rocha nasceu em 1º de janeiro de 1921, em Santa Clara, então distrito do município de Buíque, hoje Tupanatinga, em Pernambuco.
Espedito iniciou sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1938, ainda em Pernambuco, e chegou ao Paraná no início dos anos 50, onde trabalho na colonização do Norte do Estado. Posteriormente mudou-se para Curitiba para trabalhar na construção do Centro Cívico e iniciar a atividade sindical, onde teve forte atuação política.
Foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas de Curitiba e também foi eleito primeiro suplente de vereador em Curitiba pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), já que naquela época o PCB era clandestino.
Com o golpe militar de 1964, Espedito teve seus direitos políticos cassados. Só não foi preso porque conseguiu fugir e passou a utilizar uma nova identidade. Permaneceu na clandestinidade e militou como dirigente nacional do PCB, na condição de membro do Comitê Central, durante todo o regime militar.
Usando o nome de Tibúrcio Melo, foi preso no Mato Grosso, onde administrava uma fazenda do PCB, que era utilizada para fuga de resistentes da ditadura e também para obtenção de recursos para o partido. Espedito foi levado para o Doi-Codi em São Paulo, onde permaneceu preso e foi duramente torturado. Foi levado de volta pela polícia política para o Mato Grosso pesando 38 quilos. Com a ajuda de amigos, foi internado e recuperou-se, fugindo em seguida para São Paulo, onde retomou à militância com o nome de Tadeu Melo, que utilizou até ser anistiado em 1979.
Retornou para Curitiba onde re-fundou o PCB, permanecendo seu presidente até meados dos anos 90. No início dos anos 80 comandou o apoio do PCB à candidatura de José Richa ao governo do Estado pelo PMDB. Quando o PCB mudou de nome para PPS, Espedito Rocha e outros comunistas conhecidos, como Oscar Niemayer e Ivan Pinheiro, fundaram novamente o PCB, ao qual ficou filiado até sua morte.
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Carreira artística
Na sua fuga para São Paulo, em 1976, Espedito utilizou as horas de esconderijo para retomar o talento antigo de esculpir na madeira. A partir daí, junto à militância política, Espedito iniciou a carreira de artista plástico, que desempenhou até 15 dias atrás, quando a doença ainda não havia se agravado. Realizou exposições, coletivas e individuais, em diversos locais do Brasil e tem peças no acervo permanente de vários museus do país.
Sobre o artista, Pietro Maria Bardi, já em 1980, descreveu: "Espedito Oliveira da Rocha é um desses homens que desafiam as injunções próprias de quem é ligado ao mundo do trabalho. Na cartilha mais difícil, aprendeu a vida por ela própria. Transformou em poema de aroeira, peroba e cedro tudo o que viu e viveu".
Espedito deixa os filhos Rosa Maria da Rocha, Caetano Oliveira da Rocha, Carlos Rogério da Rocha, Airam de Oliveira da Rocha, Luiz Carlos da Rocha, Gabriela Rocha, Mariana Rocha e Manoel Caetano Ferreira Filho, além de netos e bisnetos. Seu corpo será velado na Assembleia Legislativa do Paraná, a partir das 14 horas, e cremado amanhã às 9 horas.
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