Lembranças da Vovó
Esperei uma semana inteira ansiosíssima para que chegasse logo o final de semana, pois iria visitar a minha querida vovó Antônia que me falaria de sua infância.
O final de semana havia chegado e como previsto, já estava na casa da vovó. Sentamos à mesa para tomar chá com biscoitos e fui logo lhe fazendo várias perguntas interessantes. Nos meus olhos dava pra ver tanta curiosidade e no rosto da vovó o prazer de contar histórias da sua infância. As palavras surgiam da vovó originando suas lembranças em respostas. Mas tantas histórias que ela me contava não bastavam para matar a minha curiosidade.
“Meus pais eram pobres, trabalhavam alugado para arranjar o dinheiro de fazer a feira. Não freqüentávamos a escola porque tínhamos que ajudá-los. Comecei a trabalhar na roça com sete anos de idade. O trabalho agrícola não mudou muito, lembro que não aravam a terra. Faziam buracos com uma enxada e sobre ela plantavam os grãos escolhidos. O comércio de animais e a feira livre ainda continuam o mesmo, a diferença é que evoluiu de uns tempos pra cá.
Se precisássemos viajar para algum lugar longe como São Paulo, íamos de pau-de-arara; para fazer um percurso à cidade mais próxima ou sítios vizinhos íamos a pé ou a cavalo.
As roupas eram vestidos de chita, saias de murinho, blusas de saco, calças para homem amarradas acima do umbigo com um cordão, feitas de pano. Para adquirir objetos domésticos mandávamos os carapinas - que hoje são chamados de marceneiros – fazer, pois não existiam lojas de eletrodomésticos e móveis. Os colchões de nossas camas eram feitos a mão com o enchimento de capim e folhas de árvores. As casas eram feitas com varas, rebocadas com barro e cobertas de telha.
As roupas eram vestidos de chita, saias de murinho, blusas de saco, calças para homem amarradas acima do umbigo com um cordão, feitas de pano. Para adquirir objetos domésticos mandávamos os carapinas - que hoje são chamados de marceneiros – fazer, pois não existiam lojas de eletrodomésticos e móveis. Os colchões de nossas camas eram feitos a mão com o enchimento de capim e folhas de árvores. As casas eram feitas com varas, rebocadas com barro e cobertas de telha.
Não me lembro de como começou a cidade, mas guardo a lembrança das praças sem calçamento, onde a natureza predominava. Naquele tempo não tinha hospitais, câmara de vereadores nem a prefeitura. Tinha escolas, mas não eram como as de hoje, funcionavam em casas normais.
Como não havia hospitais por perto, as mulheres davam a luz em casa. Quando alguém adoecia curava-se com remédios caseiros e repouso.
Como não havia hospitais por perto, as mulheres davam a luz em casa. Quando alguém adoecia curava-se com remédios caseiros e repouso.
Nos festejos, as moças arrumavam namorados e com oito dias noivavam. Os casamentos eram festejados com uma grande comilança, toque de viola e dança.
Os festejos de São João continuam os mesmos. A semana santa não mudou o que mudou foram as crenças e nossa situação financeira. As festas da cidade eram missas, novenas, o famoso Samba de Coco e o São Gonçalo”.
Que pena, mas já era hora de dormir quando minha vó acabou de contar um pouco de sua história. Ficamos tão entusiasmadas que nem jantamos, a fome passou despercebida. Mas o que ela sempre fez questão de dizer, que nunca tirei da memória foi: - A gente era pobre sim! Mas nunca perdemos a alegria de viver.
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