quinta-feira, 21 de março de 2013

SÉCULO XXI: Como ficam os valores?


Por Rosário Paulino-Educadora


Vivemos uma inversão de valores altamente conflitam-te. Queremos o “jeitinho brasileiro” em tudo e a qualquer custo, e achamos que isso é honesto, normal. Analisando um dos aspectos mais importante para transformação da pessoa e da sociedade, a escola vê a busca pelo jeitinho: 5,5, mas professora só por causa de meio ponto, a senhora não pode dar seis? Embora o sistema impondo um arredondamento, que matematicamente não se explica, de 5,6 para 6.

Se é em uma prova colar não tem problema, desde que se obtenha a promoção para o próximo ano. Facilitar a aprovação de um aluno (a) porque está com muito tempo na mesma série ou para ter uma boa porcentagem de aprovação, ou pior ainda, para não entrar em conflito com os pais, alunos, gestão, o que é que tem? Mesmo se tendo consciência que com essa “ajudinha” esse estudante vai ter muita dificuldade em passar em um bom vestibular ou obter uma nota plausível no Enem, Saepe, Prova Brasil, concurso, etc. ou até mesmo ser promovido na próxima série. Há, mas não tem problema temos outros jeitinhos, fazer cursinho preparatório, reforço, ou quem sabe a famosa cola.

Ouvimos comentários e resultados de que a escola não anda bem, que a qualidade da educação não é boa, será mesmo que é culpa apenas dos que trabalham na escola ou uma grande massa que costuma buscar, querer e dar um jeitinho em tudo?

Se é na igreja (seja qual for a fé que se professa), porque não abrir uma exceção, facilitar um pouco, ser maleável? E aí estamos nós, em uma sociedade egoísta e egocêntrica onde as leis divinas devem ser mais maleáveis pelo simples fato de que estamos no século XXI e não dar pra agir como no passado com: respeito, obediência, disciplina, temor...temos que ser modernos! Dizem os que se acham astutos.

E assim, vemos as pessoas uma pisando na outra pelo simples fato de não querer ficar pra trás, só para tirar vantagem, de não ir muito com a cara, ou outros interesses um tanto mesquinho. Pessoas sendo promovidas, ou em cargos pelo simples fato de agradar mais, ser mais “puxa saco”.

E aí começamos a ir mais além e lembrarmos de alguns casos que chocou toda a sociedade: o atirador da Escola de Realengo no Rio de Janeiro; casos de pais que matam filhos, como na cidade de Águas Belas; o caso mais recente de um jovem de 18 anos que mata mãe e dois filhos em Buíque por ter sido ameaçado de ser entregue a polícia devido o furto de um botijão de gás, casos que nos faz refletir sobre nossas pequenas atitudes egoístas que levam nossas crianças, altamente informatizadas, a cada dia acharem que tudo podem, tudo é permitido, e tantos outros que poderiam aqui serem citados.

Então vamos para a camada que tem o poder de decisão: o político e aí também não tem boas notícias: o escândalo do mensalão; político condenado que volta para assumir mandato; farras com o dinheiro público enquanto tantas pessoas passam fome, não tem uma boa educação, saúde, lazer, que são direitos garantidos pela constituição, pelo simples fato de ter no “poder” pessoas que buscam o seu próprio interesse e não o bem comum, que costumam dar um “jeitinho brasileiro” para poder garantir suas regalias. Líderes que utilizam do seu cargo público para penalizar, perseguir e apenas lucrar em benefício próprio ou dos seus familiares.

Nas cidades pequenas isso é mais gritante, embora a maioria por ignorância, medo ou quem sabe falta de personalidade, apoiem, concordem e achem que deve ser assim mesmo, usar a máquina pública para o seu interesse e enriquecimento ilícito. Ainda questionamos: como podemos ficar vislumbrando tanta corrupção, onde poucos têm muitos e muitos não tem nada?

Fico eu aqui pensando: como pode pessoas que ocupam cargo decisivo para a melhoria de tantas pessoas carentes, dormir, ou mesmo andar na rua, ver essa realidade e não sentir nada? Não se sentir culpado, ou pelo menos cúmplice, colaborador?

Quando criança realmente tem algumas atitudes que não achamos que sejam erradas, até sermos descobertos e os ensinamentos dos nossos pais, ou da nossa igreja falar mais alto, e nos mostrar que das atitudes pequenas podem surgir as grandes e por isso mudamos de atitude. Quem nunca pegou um chocolate no mercado, atitude inocente não é? Não, é roubo igual a qualquer outro a diferença está, no mínimo, no preço, mas estou pegando aquilo que não é meu e se não é meu é roubado.

Quando crescemos podemos continuar com atitudes de criança, embora não mais inocente, ou sermos honesto, e rigoroso conosco mesmo. Então por esse conceito tudo aquilo que pego (de grande valor ou pequeno valor), mas, que não me pertence e eu não tenho autorização para assim fazê-lo estou roubando, sou ladrão, desonesto.

Nessa altura do texto, você deve estar achando que isso é muito radical, mas se realmente fossemos mais radicais com os nossos valores morais, éticos, não teríamos corruptos e pessoas aproveitadoras e assim não teríamos uma maioria pobre que sofre pela “sabedoria dos espertos”, (esse é o argumento dos que se aproveitam dos outros e querem sempre tirar vantagem). Não teríamos tantas pessoas achando que pode pegar aquilo que é público, porque é público, e assim não tem dono. Falso, o que é público é de todos, ou seja, tem muitos donos e todos merecem usufruir do mesmo. TODOS, e não aquele que ocupa o cargo ou é o líder.

Sendo assim, precisamos olhar um pouco para nós e avaliarmos se de forma pequena ou grande, isso não importa, também não estamos contribuindo para essa distorção de valores. E para começarmos um bom caminho para é nos colocar no lugar do outro, não para facilitar a sua vida, mas para garantir o seu direito, o seu ser igual a mim e a qualquer um, o colaborar para que o outro busque o seu crescimento pessoal, profissional e financeiro pelos seus próprios méritos e não pelo “jeitinho brasileiro” que leva a facilitar para uns e dificultar para outros, é perceber se o que estou fazendo com o outro era o que eu também queria receber.

Reflitamos um pouco, afinal de contas, nunca é tarde para mudarmos. Se todos começarmos a ver as coisas dos dois lados: o seu e o do outro, talvez cheguem a uma sociedade mais justa. Utopia? Não acredito, pois se cada um fizer a sua parte com certeza a realidade será transformada. Se pensarmos que o outro deve mudar, ou que a maioria é assim mesmo não adianta fazer nada, então são nessa realidade egoísta e assustadora que continuaremos a viver e a criar os nossos filhos, sobrinhos, netos. No entanto, se cada um começar a mudar.....................aí sim teremos uma nova sociedade capaz de buscar somente o que é seu e lutar pelo direito de todos. Pensemos um pouco! 

Educadora: Rosário Paulino

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