sexta-feira, 6 de maio de 2011

COSTUME DE CASA VAI À RUA




Ultimamente, tem sido freqüente a veiculação de notícias a respeito de agressões, sofridas por professores, praticadas por alunos, no recinto das escolas. Também de aluno contra aluno num flagrante desrespeito ao ambiente escolar que deveria ser levado na mais alta conta por todos, até como um ambiente sagrado, diante dos fins a que se destina.

Daí, para muitos analistas, ser complexo o processo da educação. Pois esta não se exaure na ação do governo, oferecendo a escola e estabelecendo o elenco de disciplinas que estruturam os cursos.

A educação tem amplitude que excede a escola. Reparando bem, antecede a escola. Antes de ir à escola, a pessoa já recebe educação. Portanto no processo educacional, torna-se necessário o envolvimento das organizações, da sociedade, da família ou dos pais. E não só do governo.

Aliás já está passando do tempo de a gente sepultar esse miserável costume de colonizado, de ser dependente. Que vem de muito longe. De tudo depender do governo. Aqui mesmo, entre nós, temos um exemplo: não sustentamos o êxito do movimento da Independência desencadeado em 6 de março de 1817. E a Revolução Republicana era do povo que, com tanto sacrifício, construía uma pátria para os brasileiros. Mas, pouco tempo depois – 5 anos – os brasileiros concordavam com a mesma decisão, bastando um “grito” do “Príncipe”, como se o “poder” fosse uma propriedade do rei e não “emanasse do povo”.

Então não vamos desprezar a iniciativa governamental de enviar ao congresso um Plano Nacional de Educação, como já foi enviado. Contudo é necessário o envolvimento de todos nas discussões desse Projeto. É preciso ver se ele corresponde a nossos anseios. Aos anseios de uma Nação que convive com outras nações num mundo globalizado, correndo ao impulso de uma tecnologia muito veloz que não espera. Em que a nossa juventude vai conviver e competir pelas posições ocupacionais, não somente no campo político, mas também e sobretudo no profissional. Assim é preciso examinar se esse Plano conduz à colimação desses anseios, considerando que a educação tem a ver com esse processo de transformação, em que a escola é um instrumento.

Não vai ser fácil o implantar desses novos padrões educacionais (melhoria da qualidade da educação), porque precisamos aprender os novos conhecimentos na velocidade em que eles surgem, e, ao mesmo tempo, encontrar a melhor didática de transmiti-los. Quer dizer, valorizar o magistério, estimulando as vocações com a remuneração condigna e o respeito que o mestre deve merecer. E da parte do alunado, não apenas ensejando a escola, mas também o despertando para sua importância na construção do amanhã e de sua própria sobrevivência a nível de bem estar, e envolvendo os pais (até punindo quando for o caso) quanto à sua obrigação de contribuir para a educação dos filhos que colocaram no mundo sem que eles pedissem para que isto viesse a acontecer.

É tempo de uma reflexão sobre a cantiga do “deixa a vida me levar” que o governo toma conta. Não esperemos nisto, porque o governo já despertou. Agora mesmo se ensaia o lançamento do PAC da “erradicação da pobreza extrema”, onde se inclui um item condicionante, isto é, o dinheiro vem, mas vinculado à “exigência que as pessoas que já fazem três refeições eduquem seus filhos para não dependerem do programa bolsa família”. A realidade está no “orai” de todos, para que tudo dê certo, e no “vigiai”, também de todos, para que nada deixe de ser feito absolutamente correto.

Os maçons estão convencidos de que a tarefa é complexa e difícil, que , por isto mesmo, requer o maior envolvimento de todos, mas que se inicia no lar, no seio da família, sob o cuidado dos pais, como ensinam as sabedorias erudita e popular – se “a pátria é a família amplificada”, “a rua tem o costume que vem de casa”.


por Antônio do Carmo Ferreira (Grão mestre da Maçanoaria, Escritor e pedagogo)

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