quinta-feira, 8 de março de 2012

O MINC E A ESPERANÇA ROUBADA

Por Carlos Henrique Machado Freitas

Em mim a defesa da ética jamais significou sua distorção ou negação. (Paulo Freire).
É dificil separar cada ação e em que circunstância se deu a autodestruição do MinC nas mãos desse grupo político com relação simétrica com a extrema direita. O que misericordiosamente podemos afirmar é que eles roubaram o que tínhamos de mais importante, a alma do Ministério da Cultura do Brasil e, consequentemente roubaram o sonho brasileiro de um projeto que tão minunciosamente vinha se expandindo no sentido de unir o país pela sua cultura.

A legitimidade de tantos desdobramentos hoje é dentro do MinC uma paisagem de alma seca. O período bastante longo de Ana de Hollanda e seus principais guias vêm sendo marcado por um projeto antinacional e antissocial.

Imediatamente o mercado tornou-se o meio “universal” tanto de expressão quanto de desejo dos que comandam o MinC. A dissidência portanto, para eles pouco ou nada importa. O projeto do MinC hoje, a exemplo da ministra, foi desenvolvido para “cumprir tratados internacionais” de direitos autorais com os EUA. Este é o projeto político-ideologíco que faz o MinC inoperante em todos os quesitos e critérios em seus múltiplos e execráveis caminhos rumo ao retrocesso.

Poderia, como sempre faço, citar e enumerar as ações que prejudicarão milhões de brasileiros de muitas gerações com o símbolo de tragédia representada pelo MinC. Se na era Lula o ministério representava em seu mais alto grau a liberdade emanada das manifestações do povo brasileiro, agora, no governo Dilma, ao contrário, o mesmo ministério representa a censura, o medo, a repressão contra as liberdades, como acontece em seu próprio site.

Isso é um movimento de fora para dentro do Brasil, de cerceamento das garantias de compartilhamento numa linha divisória que privilegia uma parcela mínima de artistas que servem de modelo de vitrine para a indústria fonográfica e editorial.
Ana quer garantir, como garantiu, até então assento privilegiado ao universo representado por vários agentes do Ecad, assessores no MinC. Por isso as cerimônias das quais a ministra participa, são apenas protocolares, ou seja, ela e os taróis que lhe cabem, pois sem a mínima legitimidade não pode cumprir uma agenda pública franca e aberta em lugares comuns a todos.

Mas e dai? A ministra bate e rebate o pé naquilo que não abre mão. Dane-se a sociedade! Dane-se o sentimento do povo! Dane-se a educação e a cultura das novas gerações! Dane-se a nossa identidade! Dane-se os compromissos de campanha de Dilma na II Conferência Nacional de Cultura. O projeto para a cultura nas mãos de Ana de Hollanda é o vigilantismo contra o projeto de compartilhamento que nasceu nas mãos de Gil e seguia a passos largos pelas mãos de Juca.

Ana, Grassi e Ortiz sonharam um MinC com os cacoetes do Estado mínimo de FHC. Eles não querem que o Ecad seja fiscalizado, não querem que a Lei Rouanet que entrega quase todos os recursos públicos nas mãos do setor privado seja reformulada. Ou seja, não querem mais a existência do MinC.

Esse grupo que representa tantos interesses do capital, não quer o Estado para garantir direitos do cidadão, quer tão somente garantir privilégio às antevozes pautadas pelo neoliberalismo cultural.
Cada dia que Ana permanece no MinC, sentimos o gosto de uma madrugada perdida, de um poema rasgado, de uma melodia emudecida, de mais um sem números de sonhos roubados.
A atual gestão do Ministério tornou a linguagem “técnica” da cultura um aparato de garantias aos lucros vitalícios de redes, máfias e cartéis de arrecadação universal. Nada importa pra eles, nenhum apelo da sociedade é considerado, já que para eles sociedade não existe, o que existe é o público, é o consumidor de bens culturais e fim de papo.
Não sei qual aprendizagem tiraremos desse cenário de terra arrazada. Não sei que molde usar contra essa teia orquestrada por grandes e perigosos interesses externos. O que sabemos é que hoje não temos mais o MinC, este virou um departamento almoxarifado de guarda-sol das oligarquias planetárias. Pode ser chamado de ministério da PIPA, da SOPA e do ACTA. Enquanto esse grupo permanecer no Mininsterio da Cultura do Brasil, o nosso sonho de liberdade e criatividade continuará sequestrado.
Fonte: http://www.trezentos.blog.br/?p=6782

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