quinta-feira, 31 de maio de 2012

Em greve, professores e estudantes universitários protestam em Brasília


Najla Passos
Brasília – Os professores das instituições federais de ensino superior, em greve desde 17 de maio, protestaram contra a suspensão da rodada de negociação prevista para esta segunda-feira (28). A manifestação foi realizada em frente ao Ministério do Planejamento (MPOG), em Brasília, e contou com o apoio de estudantes, também em greve. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 200 pessoas participaram do ato. Os organizadores estimaram o número em 250.

A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Marina Barbosa, disse, durante seu discurso, que considerou a suspensão da reunião autoritária e irresponsável. Na pauta, estava em discussão um dos principais pontos de reivindicação dos docentes: a reestruturação da carreira. Em comunicado ao sindicato, na sexta-feira (25), o secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público do MPGOC, Sérgio Mendonça, disse apenas que a reunião seria suspensa e, em breve, uma nova data será marcada.

Conforme o Andes-SN, docentes de 49 instituições aderiram à greve, que já constitui o mais forte movimento realizado pela categoria nos últimos anos. Além da reestruturação na carreira, eles reivindicam melhores condições de trabalho. “Agora, temos que aumentar o nível de adesão dentro dessas instituições e construir a greve nas demais”, afirmou a presidente.

Diretor da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores nas Universidades Federais (Fasubra), Rogério Marzola informou que os técnicos-administrativos já aprovaram a adesão ao movimento a partir de 11/6.
Representando a Central Sindical e Popular (Conlutas), o professor da Universidade de Brasília (UnB) Rodrigo Dantas acrescentou que o objetivo é conseguir a adesão de todo o serviço público. “A greve vai se fortalecer ainda mais quando conseguirmos costurar a greve geral dos servidores públicos federais”, disse. Segundo ele, no dia 5 de junho as categorias de servidores públicos realizarão uma plenária unificada, em Brasília, para discutir o tema.

Apoio estudantil
A greve dos professores das universidades conta com crescente apoio dos estudantes. Segundo o representante da Associação Nacional dos Estudantes Livres (Anel) Lucas Brito, a categoria já decretou greve em 14 instituições. E há assembleias programadas, esta semana, em várias outras, como as federais do Rio de Janeiro e do Pará. “A pauta representa as reivindicações do conjunto da comunidade universitária”, justifica.
Brito avalia que o que está em construção é um grande movimento nacional por um novo modelo de educação. “Nosso recado para o governo Dilma é claro: não vamos aceitar este modelo que precariza a educação superior deste país”, afirmou.

Dentre os estudantes que já decretaram greve estão os da UnB. Um dos líderes é o estudante de geografia Mário Alves. Segundo ele, a participação da categoria têm surpreendido. “A assembleia que aprovou a paralisação, na quinta passada, reuniu cerca de 600 estudantes. É a maior já realizada na universidade deste a ocupação da reitoria, em 2008”, registra.
Conforme ele, além de apoiar a pauta dos docentes, os estudantes reivindicam assistência estudantil de qualidade, paridade nas eleições para todos os cargos da universidade e aplicação imediata de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação.
Um outro líder o movimento na UnB, o estudante de sociologia Samuel Nogueira Costa, criticou especialmente o programa de expansão universitária (Reuni), lançado pelo governo Lula e mantido pela presidenta Dilma Rousseff. “O Reuni aumentou o número de vagas na rede, mas sem dar a estrutura devida aos alunos. Até outro dia, os alunos da UnB do campus Gama tinham aulas em um estádio e os alunos do campus Planaltina estão se formando sem nunca terem tido acesso a laboratórios”, disse ele.
Fotos: Arquivo

Nenhum comentário: