Em toda história do Brasil a cultura foi considerada um entretenimento, um adorno, vista sempre para divertir a classe dominante. Artista, durante muito tempo, foi uma profissão menor, coisa de povo inferior. Quando o governante pensava em promover a festa do padroeiro ou o aniversário da cidade reservava R$ 50, R$ 70 mil para o que eles chamam de atração cultural, que na verdade são grupos de cultura de massa tipo brega, axé, pagode, enquanto para os grupos de cultura popular, genuína e de raiz, era reservado R$ 1 mil, no máximo R$ 2 mil reais. Lembro muito bem desses dias em que não havia pontos e pontões, cineclubes esvaziados, cinemas virando igrejas e artistas homenageados e reconhecidos postumamente. Muitas coisas mudaram, não tudo.
Em toda a história deste país houve momentos muito específicos onde se tentou tratar a cultura popular como um instrumento de transformação humana, social e como instalação de uma cultura nacional e com uma estética do nosso povo, índio, negro, branco. A primeira foi através da visão nacionalista da semana de Arte Moderna de 22, movimento com Osvald de Andrade, Tarcila do Amaral e outros e que continuou com Mário de Andrade e sua caravana, a Missão de Pesquisa Folclóricas, que percorreu boa parte do Brasil, mapeando e registrando todo o universo da cultura popular e de uma estética nacional.
Nos anos 60 com o MCP (Movimento de Cultura Popular), que em Pernambuco surge na primeira gestão de Miguel Arraes, tendo como proposta revolucionária a unidade entre cultura popular e educação, período extremamente fértil em uma época em que surgiam por todo o Brasil o CPC, o Cinema Novo, a Bossa Nova, o Teatro de Arena, a Tropicália. A cultura era o elemento transformador e a locomotiva do processo de mudanças no país, na nossa área do audiovisual, figuras como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos tornaram-se nomes da maior importância para a estética cinematográfica e por extensão, Ariano Suassuna com a estética do movimento armorial.e o Movimento Mangue encabeçado por Chico Science.
Outro momento é o atual que inicia no governo Lula com a gestão de Gilberto Gil e Célio Turino. Muito, mais muito do que se discutiu em fóruns, seminários, encontros, congressos, festivais de cultura por todo o país com os principais atores e articuladores do movimento cultural, foram incorporados no Programa Cultura Viva. A ação é revolucionária, inovadora, um programa que trata a cultura como instrumento de transformação social e estética, os recursos enfim chegam direto na fonte, direto para os que fazem a cultura popular. O Cultura Viva é o primeiro grande laboratório para a implantação de um projeto de Cultura Pública.
Os Pontos de Cultura, a ampliação da política de editais, a integração dos jovens na profissionalização dos atores sociais etc. O país saiu de uma prática clientelista, de balcão, dos governos anteriores, onde atendia os seus “cumpadres”. Naqueles anos a cultura era produzida por poucos e a popular estava fora, longe do povo, sem espaço. Com apenas 8 anos um enorme salto foi dado. Incluir sempre foi a grande premissa do Cultura Viva.
O movimento cultural precisa entender que está mais do que na hora de sermos verdadeiramente um movimento, os mercadores da cultura, defensores das antigas práticas, querem a volta da política de balcão sem editais. Esses empresários e
lobistas estão diariamente conectados com as possíveis brechas apresentadas pelo movimento para pegar o bolo de volta,
Precisamos pensar que antes do problema individual de um Projeto Cultural, em questões maiores, pensar que é preciso muito mais do que um ciclo virtuoso, que este enorme laboratório que é o programa Cultura Viva se torne de fato e de direito uma política de Estado.
Não dá para arriscar, para assegurar o que conquistamos e ampliar as conquistas, precisamos garantir CÉLIO TURINO PARA MINISTRO DA CULTURA NO GOVERNO DILMA.
Abraço a todos
Luiz Gonzaga
Ponto de Cultuara
Cinema Animação.
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